Foto: André Filgueira
Contribuir para que a Universidade Federal do Paraná tenha sua qualidade reconhecida por áreas de conhecimento, e não apenas por indivíduos que se destacam, é uma das metas da professora Graciela Bolzón de Muniz como vice-reitora da instituição. Nascida na Argentina e apaixonada pela pesquisa e pela vida acadêmica, ela é engenheira florestal e atua desde 1994 na UFPR, onde cursou mestrado e doutorado.
Como pesquisadora, Graciela Bolzón está acostumada a frequentar universidades por todo o mundo. No Brasil, encantou-se com a diversidade de espécies florestais e diz que se identificou com o país nos primeiros contatos – o que tornou natural a decisão de criar raízes aqui.
Em sua luta pela qualidade da educação e qualificação da pesquisa, Graciela conheceu diversas instituições brasileiras, colaborando com seu vasto conhecimento.
Seu dinamismo e experiência cooperaram para sua legitimação como vice-reitora da Universidade Federal do Paraná, função que lhe dará a oportunidade de contribuir ainda mais para a meta de colocar a instituição paranaense entre as melhores do país.
Conte um pouco da sua história até a sua vinda para o Brasil.
Nasci na cidade de Santiago del Estero, noroeste da Argentina. Com 400 mil habitantes, é um lugar muito quente, chegando, às vezes, a 55 graus no verão. É uma cidade que conta com peças arqueológicas e tem uma grande riqueza cultural na música e na arte, mas vive praticamente da agricultura e do funcionalismo público. Foi lá que estudei quando pequena, tendo frequentado um colégio de freiras onde sempre estive entre os melhores alunos.
Como foi o período em que cursou Engenharia Florestal?
Meu interesse sempre esteve relacionado à área de exatas e foi assim que me decidi por esta graduação. Concluí o terceiro grau pela Universidade Nacional da Argentina, primeira da América Latina a ofertar o curso de Engenharia Florestal – a segunda foi a UFPR.
De que forma decidiu ingressar na vida acadêmica?
Desde a infância gostava muito de ler e estudar, então a vida acadêmica ocorreu de forma natural.
Após concluir a graduação, trabalhei como assistente na Universidade Nacional, até que comecei a prestar concursos e cheguei a ser professora titular, ainda na Argentina. Lá também ocupei diversos cargos, sempre relacionados à ciência, tecnologia e captação de recursos.
Gosto muito de montar redes de troca de conhecimento, de ajudar a comunidade desenvolvendo projetos sobre o meio ambiente e contribuir de alguma forma dentro da minha área. Por isso estou constantemente inovando e aglutinando pesquisadores e estudantes. Acredito estar formando alunos para que eles realmente contribuam com a sociedade e sejam disseminadores em suas áreas.
Como se deu a sua vinda da Argentina para o Brasil?
Foi por meio de um convênio com a Alemanha. Argentina, Alemanha e Brasil têm uma relação muito estreita entre suas universidades, o que proporciona essa troca de experiências. Assim, a partir de 1980 passei a vir para o Brasil para estudar e foi aqui na UFPR que concluí o mestrado e o doutorado.
Como existiam poucos especialistas na área em que atuo – tecnologia e anatomia da madeira, que é muito recente – eu tive a oportunidade de realizar o concurso e me tornei docente na UFPR. O que facilitou muito a minha permanência foi a relação que eu já possuía com muitas das universidades brasileiras, pois trabalhei no reconhecimento de espécies e identificação de madeira em diversas florestas daqui.
Quais funções já exerceu na universidade?
Logo que iniciei o trabalho na instituição, passei a ocupar lugar nos conselhos e assumir cargos administrativos. Já fui vice-coordenadora da graduação e da pós-graduação de Engenharia Florestal. Ocupei os cargos de coordenadora geral da pós-graduação e de coordenadora de pesquisas. Além disso, coordeno projetos nacionais e internacionais e trabalho na área específica de nanotecnologia. Como tenho pós-doutorado em educação a distância, fui uma das integrantes do grupo que implantou esse método de educação na UFPR.
De que forma surgiu a oportunidade da sua candidatura a vice- reitora?
Acredito que foi importante o fato de eu sempre tentar realizar um trabalho em conjunto, pensando no desenvolvimento de todo o estado e do país, dando prioridade ao ensino, à pesquisa e à extensão. Eu não faço diferença entre as instituições, trato todas de forma igual e luto por todas.
Tenho um grande conhecimento não só da UFPR, mas também de outras instituições, pois sempre sou chamada para auxiliar na montagem de grupos de pós-graduação e de pesquisas. Nesse sentido, a gestão foi algo natural, pois gosto de estar em constante movimento.
O que mais me chamou a atenção quando fui indicada para a função foi o reconhecimento que tive da comunidade, pois pude constatar isso por meio do voto das pessoas.
Sua presença na reitoria é uma forma também de alavancar a representatividade feminina?
Quando se está em uma função, o que importa é a capacidade e a competência, independentemente do gênero. Temos que lutar de igual para igual, pois intelectualmente cada um é de uma forma e isso não depende de gênero. Como mulher, acredito que é importante nos empoderarmos e mostrar que temos capacidade, respeitando primeiramente a nós mesmas para que sejamos respeitadas pela comunidade.
Em minha opinião, com parceria e interesses em comum é possível realizar muitas coisas. É fundamental saber trabalhar com as diferenças e respeitá-las.
Quais são suas principais metas para a gestão da UFPR?
Desejo que a universidade seja uma das melhores do Brasil e que possa ser reconhecida pelo seu conjunto de profissionais e estudantes, afirmando-se por áreas de conhecimento e não apenas por indivíduos.
Minha meta é fazer com que a UFPR esteja mais presente na sociedade e no desenvolvimento do estado. Para isso, é necessário ter inovação e geração de recursos. Cada área de ensino tem sua especificidade e eu tenho consciência de como cada uma pode contribuir. Nós temos que formar nossos estudantes para a sociedade.
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