“O Céu de Valentim” traz reflexão social para o 28° Festival de Inverno
Bravura, coragem e emoção são palavras chaves para definir a peça “O Céu de Valentim”, atração do terceiro dia do Festival de Inverno da UFPR. O espetáculo lotou o Theatro Municipal de Antonina na segunda-feira (16).
“Todos nós somos uma continuação e um pedaço do sem fim”, assim diz uma das falas da peça, protagonizada por Valentim e sua avó, que, após uma mensagem de um anjo, iniciam uma jornada atrás do pai desaparecido do menino.


Os vários altos e baixos condicionados às classes mais pobres da sociedade são interpretados na peça de maneira sensível e questionadora. Essa atitude se complementa ao perceber que Ernesto, pai de Valentim e também conhecido como “homem de chinelos”, lutava contra a desigualdade ao bater de frente com o “homem de botas”. Ao passar da trama, Valentim começa a ter consciência de sua classe e um misto de sentimentos ecoam pelo palco, ao definir o desespero da fome, pobreza e carência social.
O espetáculo nasceu de uma ideia do grupo artístico Obragem, criado em 2002 e idealizado por Olga Nenevê e Eduardo Giacomini. A proposta é unir os vários ramos artísticos – teatro, música, literatura e dança – e fazê-los conversar no palco, tornando uma experiência multissensorial.
A peça tem criação recente, mas já passou por vários espaços do Brasil. Segundo o Obragem, o saldo é sempre positivo: “O Céu de Valentim busca mostrar a realidade social que vivemos no país. Quem assiste geralmente acaba refletindo e repensando as ideias”, conta Eduardo.
Para o grupo, a reflexão se dá mais facilmente na mistura de elementos fantasiosos colocados em cena. Com o aspecto fabuloso de gestos e palavras, o Obragem afirma uma tentativa de escancarar a opressão e violência enfrentadas no país.
É a primeira vez que o Obragem se apresenta no Festival de Inverno. “É muito emocionante unir a arte com a comunidade. Ainda mais num evento como este”, comenta Olga.


Grupo de Choro da UFPR
Com a Igreja São Benedito lotada novamente, o 3º dia do Festival de Inverno da UFPR trouxe a apresentação do Grupo de Choro do DeArtes para o Litoral.
O grupo faz parte do projeto de extensão “Práticas Musicais para a Comunidade no DeArtes 2.0”, criado em 2012 e vinculado à disciplina de Prática de Conjunto Musical VII.
Coordenada pelo professor Edwin Ricardo Pitre-Vásquez, a equipe conta com participantes alunos do curso de Música, mestrandos, doutorandos e convidados que se dedicam à prática do Choro e canções da música brasileira. O repertório é variado, incluindo peças de Jacob do Bandolim, ícone da cultura musical brasileiro que comemora o centésimo aniversário de nascimento neste ano.
Choro ou chorinho é um gênero de música popular brasileira que surgiu no Rio de Janeiro em meados do século 19, influenciado pelo lundu – ritmo de inspiração africana – e por gêneros europeus.
“O choro é uma linguagem comum do povo brasileiro”, diz Julio Borba, 28 anos, que integra o Grupo de Choro do DeArtes há dois anos. “Comecei a me interessar quando ouvi Raphael Rabello, adorei a música e fui pesquisar o que ele tocava”.
Mel Fernandes, 23 anos, conta que é gostoso tocar junto com o grupo e ver como a música pode causar alegria. Segundo ela, o choro em geral é instrumental, mas recentemente letras foram criadas para músicas tradicionais do gênero. “Essas apresentações abrem portas para que pessoas que nunca ouviram o choro se apaixonem por ele”, afirma.
Noite latina
Para fechar a noite de segunda-feira, o ritmo latino tomou conta da cidade de Antonina com o grupo El Merekumbé. Formada por três integrantes cubanos e seis brasileiros, a banda levantou o público e colocou todo mundo para dançar.
O grupo surgiu em 1999, por iniciativa do maestro cubano Jorge Mujica, e busca o intercâmbio entre a música latina bailável, principalmente a salsa – música caribenha – com vários ritmos, como mambo, rumba, bolero, cha-cha-cha, son-montuno, danzón, cumbia e merengue.
El Merekumbé animou a noite com os sucessos “Corazón Espinado”, “Mas que nada” e o tema da série La Casa de Papel, “Bella Ciao”.
“Adoro música cubana e caribenha. Acho que esse tipo de show traz uma riqueza para cidade, é uma efervescência de arte e cultura”, avaliou a artistia Soluá Carnei.
Nesta terça-feira tem mais! Venha para o Festival de Inverno da UFPR!
Confira a programação completa.
Aline Fernandes França, Larissa Nicolosi e Agência Prattica