A Universidade Federal do Paraná está participando de um estudo observacional da população imunizada contra a Covid-19 na cidade de Toledo, no oeste do Paraná. A pesquisa é um estudo conjunto entre a UFPR, o Programa Nacional de Imunização (PNI), a indústria farmacêutica Pfizer, o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e a Secretaria de Saúde de Toledo. O objetivo do estudo é avaliar a efetividade da vacina ComiRNAty em um cenário de vida real em que toda a população acima de 12 anos esteja imunizada. Os detalhes do estudo foram apresentados em uma entrevista coletiva virtual nesta quarta-feira (06).
Além do objetivo principal de avaliar a efetividade e segurança do imunizante, a pesquisa observacional também vai analisar se os resultados de estudos clínicos são reproduzidos em um contexto de vida real. Serão observados os impactos da vacina na prevenção de casos sintomáticos, reinfecção, internações, mortes, efeitos adversos e as sequelas em longo prazo atribuídas ao coronavírus, o long Covid.
Sob coordenação do Instituto de Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento, serão recrutados cerca de 4.500 voluntários, com idade acima de 12 anos, que tenham sintomas respiratórios relacionados à Covid-19. Desses voluntários, as pessoas com resultado positivo para Covid-19 farão parte do “grupo casos” e serão monitoradas pelo período de um ano. A expectativa é que 1.500 voluntários recebam esse acompanhamento. “Informações quanto ao estado vacinal desses participantes permitirão a avaliação da efetividade e segurança da vacina em curto, médio e longo prazo. Esses resultados em mundo real serão úteis para embasar políticas públicas de saúde”, pontua Regis Goulart Rosa, pesquisador principal e médico intensivista do Hospital Moinhos de Vento. Os casos negativos para Covid-19 serão denominados “grupo controle”.
A UFPR vai participar ativamente da pesquisa fazendo a análise genômica das amostras positivas para Covid-19 a fim de identificar possíveis variantes de preocupação do vírus. O curso de Medicina do campus Toledo e o setor de Ciências Biológicas da UFPR participarão dessa etapa do estudo. A diretora do campus Toledo da UFPR, professora Cristina de Oliveira Rodrigues, ressalta que a pesquisa não vai interferir na conduta de vacinação do município e nem mudar protocolos do PNI ou condutas médicas aos pacientes. “É um estudo observacional que vai analisar o desfecho da vacinação e trará respostas muito importantes para compreender melhor essa pandemia, como funcionam as vacinas e como isso evolui na população”, diz Cristina.
A diretora explica que a vigilância genômica feita pelos pesquisadores e técnicos da UFPR poderá dar respostas mais rápidas para a prefeitura de Toledo sobre as variantes que circulam na cidade. “O Paraná já faz vigilância genômica, mas é por amostragem. Na população de Toledo, com a pesquisa, serão avaliados todos os casos que derem positivo para Covid-19. O resultado pode dar subsídios para tecer estratégias mais adequadas para o controle da pandemia”. Para o reitor da UFPR, professor Ricardo Marcelo Fonseca, é um “orgulho a UFPR contribuir, do ponto de vista social, no contexto trágico da pandemia, e participar, do ponto de vista técnico e científico, da pesquisa em Toledo. Isso mostra o papel protagonista que as universidades, principalmente as públicas, têm tido desde o início no enfrentamento da pandemia”.
O processo de vacinação da população de Toledo atrelado ao estudo começou no da 26 de agosto, com doses da Pfizer enviadas antecipadamente para esse fim. Segundo a secretária de Saúde de Toledo, Gabriela Kucharski, a adesão e cobertura vacinal são excelentes. Até o dia 5 de outubro, 98,23% da população acima de 12 anos já havia tomado a primeira dose da vacina, representando 119.343 aplicações. A população estimada em receber a vacina é de 121.490 pessoas. Entre os adolescentes de 12 a 17 anos, a cobertura é de 91,71% com a primeira dose. Entre as pessoas com mais de 60 anos, 98,46% já tomaram a segunda dose da vacina.
O recrutamento de voluntários deve começar entre duas e quatro semanas, após a finalização de arranjos estruturais. Segundo o pesquisador Régis Goulart Rosa, após o recrutamento dos 4.500 voluntários, que pode levar de seis a nove meses, será possível ter os primeiros dados da pesquisa primária de efetividade da vacina. Os estudos com os resultados devem levar pelo menos dezoito meses para serem publicados, após o acompanhamento dos voluntários pelo período de um ano.
Toledo
Até a seleção da cidade de Toledo para o estudo, foram muitas reuniões entre Ministério da Saúde, Pfizer e prefeitura. A secretária da Saúde conta que foram avaliados pontos como o posicionamento geográfico, característica da população, estabilidade no número de casos e controle epidemiológico. Gabriela ressalta ainda a excelência na aplicação de vacinas, que obteve conceito dez pelo Tribunal de Contas do Estado, pela transparência no processo vacinal.
Para a líder médica da área de vacinas da Pfizer Brasil, Julia Spinardi,além das condições de acompanhamento pelos pesquisadores em uma cidade sem muita interferência de trânsito ou contato com outras áreas, estabilidade da doença em um município com protocolos muito bem estabelecidos, foi considerada também a importância de levar uma parceria científica para a região. “A possibilidade de realizar uma parceria com a UFPR, tradicional em pesquisa, fez também com que a cidade de Toledo fosse escolhida nessa parceria, na conversa com todas as esferas das autoridades de saúde”, explica Julia.
Ao agradecer a escolha da cidade para o estudo, o prefeito de Toledo, Luis Adalberto Beto Lunitti Pagnussatt, reforçou a importância de parcerias entre municípios, ciência e universidades públicas para fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), melhorar o sistema vacinal e proteger pessoas. Também participando da coletiva, o superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Moinhos de Vento, Luis Eduardo Ramos Mariath, falou do compromisso com a sociedade, integrando esforços neste estudo pioneiro de efetividade de uma vacina em vida real.
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