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Sírio encontra na UFPR a oportunidade de realizar sonho de concluir mestrado

27 setembro, 2021
11:01
Por
Ensino e Educação

Mohamad Feras Al-lahham, assim como muitas pessoas, tinha o sonho de conquistar um diploma de mestrado. Mas para ele, alcançar esse sonho não dependia apenas de dedicação e esforço. Mohamad é sírio e viu a Guerra Civil da Síria acabar com seu sonho. Diante dos riscos e da falta de oportunidades ocasionados pelo conflito militar do país, Mohamad se viu sem esperanças de continuar a vida na Síria, foi então que encontrou no Brasil a chance de viver em segurança com a família. 

Acompanhado da mãe e dos três irmãos, Mohamad deixou a cidade de Damasco, na Síria, rumo à Curitiba em 2013. Na chegada, buscou formas de revalidar o seu diploma de Medicina e o seu título de especialista em otorrinolaringologia. “Saí da Síria em 2013 devido à guerra que destruiu todo o meu país e não deixou mais nenhuma esperança para viver. Como muitos outros sírios, fugi com a minha família em busca de um lugar seguro para continuar a vida e foi o Brasil que aceitou nos receber”, conta relembrando que nem ele, nem sua família falavam português quando chegaram em Curitiba, por isso logo se matricularam em um curso de português para estrangeiros.

“O professor Rogério me ajudou desde o primeiro minuto que o encontrei até a defesa do meu mestrado”. Fotos: Arquivo pessoal.

Aprender o idioma permitiu que Mohamad pudesse voltar a sonhar com o mestrado. Em 2016, ele procurou o Complexo Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC/UFPR) buscando informações sobre como dar continuidade aos estudos. Em contato com o professor e chefe do serviço de otorrinolaringologia do CHC/UFPR, Rogério Hamerschmidt, recebeu não somente orientação sobre o Programa de Pós-Graduação, mas também apoio e acolhimento. 

“O professor Rogério me explicou o que eu precisaria para fazer o mestrado na UFPR, quais os passos que eu deveria seguir, tudo. Ele me ajudou e me apoiou para revalidar meu título de especialista.  Ao mesmo tempo, solicitou que eu fizesse os créditos necessários e pediu para que os alunos de medicina me ajudassem na questão técnica e, especialmente, na língua portuguesa, uma barreira que, no início, tive bastante dificuldade para conseguir superar”, comenta Mohamad.

Após percorrer o caminho orientado pelo professor, o médico pôde ingressar no Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica, onde realizou sua pesquisa em anatomia da cóclea em adultos e crianças.

Hamerschmidt foi o orientador de Mohamad também durante o mestrado. Para ele, foi gratificante poder acompanhar a evolução de seu orientando. “O desenvolvimento acadêmico dele foi notório, tanto no conhecimento técnico em si quanto em todas as habilidades necessárias para a escrita e a defesa de uma dissertação. Acompanhar essa trajetória foi muito gratificante, pois Mohamad demonstrou muita dedicação, empenho e interesse pelos estudos. Todo o tempo investido nele foi recompensador e tornou possível sentir que fizemos o nosso papel de acolhida e também que cumpri meu dever como professor de uma universidade pública”, destaca.

Mohamad se preparando para defender sua dissertação, na casa do orientador, Rogério, no feriado municipal de 8 de setembro.

Mohamad defendeu a dissertação no dia 10 de setembro de 2021, o que exigiu um trabalho incansável. “Desenvolvemos o trabalho com muitas e muitas reuniões, inclusive na minha casa, nos fins de semana e nos feriados, para que fosse possível dar conta de tudo”, relata Hamerschmidt.

“Considero esse momento muito importante, é um passo que vai deixar uma marca na minha vida”, Mohamad Feras Al-lahham.

Para Mohamad, o acolhimento que encontrou na UFPR foi fundamental para que pudesse realizar o sonho de concluir o mestrado. “Não tenho palavras para explicar como é um sonho da sua vida que acabou devido à guerra nascer de novo. A universidade me ajudou a realizar esse sonho, os professores do CHC, da Pós-Graduação, o serviço de otorrinolaringologia, todos me ajudaram a chegar onde eu estou hoje” relata. 

“A UFPR e o CHC abriram as portas para mim, acolheram-me e me abraçaram igual a qualquer aluno. Eu me sinto muito feliz e orgulhoso por ter feito o mestrado aqui nessa grande universidade. Sinto muito orgulho de ter o professor Rogério como meu orientador e em me considerar um filho dessa instituição. Vim da Síria, mas agora me considero completamente brasileiro!”, afirma o médico que já planeja o próximo passo: lançar uma autobiografia, ainda neste ano, para contar sua trajetória.

Por Leticia Barbosa Ribeiro

Sob orientação de Jéssica Tokarski

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