

Os tamanduás, de forma geral, são animais que na natureza se alimentam de insetos (principalmente formigas e cupins) e, por isso, apresentam uma alimentação altamente especializada em vida livre com uma ecologia alimentar difícil de ser reproduzida em cativeiro. Atualmente, os tamanduás mantidos em instituições em todo Brasil são alimentados com dieta na forma de papa/purê. Essa papa agora pode ser substituída por uma ração comercial.
Segundo a professora Chayane da Rocha, do departamento de Zootecnia da UFPR, em 2018 foi realizado um workshop sobre nutrição de animais silvestres organizado pela Universidade Federal do Paraná em parceria com a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil (AZAB). Em uma das falas, a palestrante Ana Raquel Faria lançou a ideia de no futuro acontecer o desenvolvimento de um alimento comercial completo (ração) para tamanduás, suprindo as necessidades nutricionais de forma padronizada, ou seja, a ração teria a mesma composição e mesmos níveis nutricionais sendo servida do sul ao norte do país possibilitando a padronização da alimentação desses animais. Nesse mesmo workshop, estava presente Hellencrys, Zootecnista formada pela UFPR, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia e representante da empresa de alimentação animal Quimtia Brasil, que “comprou” essa ideia.
Foram meses de trabalho na formulação pelo departamento técnico e de pesquisa da empresa com consultoria de zootecnistas, para chegar em uma dieta personalizada, flexível e com o tamanho de pellet compatível para alimentação deles. “Então, nesse workshop na UFPR nasceu a ideia de uma empresa brasileira desenvolver esse alimento completo industrializado específico para tamanduás. E outro ponto crucial é que atendendo as necessidades nutricionais desses animais a chance de sucesso reprodutivo torna-se mais elevada, podendo contribuir com a perpetuação da espécie”, explica ela. . Batizada de Zoo Feed Tamanduá, esta é única ração comercial no Brasil para esses mamíferos sob cuidados humanos.
Hoje, há pesquisas de mestrado na UFPR sobre a avaliação da aceitabilidade dessa ração pelos animais, qualidade das fezes e digestibilidade da dieta em animais que estão no Zoológico de Brasília. Esse seria o primeiro passo para uma avaliação científica de resultados iniciais sobre a utilização em cativeiro dessa ração especializada para Tamanduás.