

Foto: Projeto Promotoras Legais Populares
Um projeto internacional para formação de mulheres em defesa de direitos, pautado no combate à discriminação e opressão, vem sendo implantado em Curitiba por intermédio do curso de Direito da UFPR. As Promotoras Legais Populares (PLP´s) atuam em vários países e em Curitiba, desde 2012.
Em cinco anos, mais de 300 mulheres já passaram pelo projeto na capital paranaense. A proposta das PLP´s é capacitar mulheres, oferecendo condições para que enfrentem situações de desigualdade de gênero cotidianas. A necessidade de lutar por reconhecimento e respeito, contra a violência, exploração, discriminação e desigualdade deram força à iniciativa.
As atividades são voltadas para mulheres trabalhadoras, estudantes, participantes dos movimentos sociais, de sindicatos, partidos políticos e comunidades tradicionais. Algumas das ex-participantes integram atualmente a organização do projeto de extensão, ao lado de outras profissionais e estudantes da UFPR.
O curso Promotoras Legais Populares é gratuito e conduzido por facilitadoras que possuem conhecimento e vivência sobre a temática em debate.
Victória Dobri Matsuda participa das atividades desde o início de 2017, quando ingressou no curso de Direito. Ela conta que atua na coordenação e organização dos encontros: “Como são mulheres muito diferentes, com diversas histórias, o aprendizado é gigantesco. O espaço é engrandecedor, permite um diálogo com realidades e há um ponto de conexão entre as participantes: o feminismo”.
No projeto, Victória também encontra uma identificação pessoal. “Há mulheres com pensamentos parecidos com os meus e que estão dispostas a lutar pela causa. O projeto enriquece muito, para além da faculdade, rompe com as barreiras da academia”, avalia.
A assistente jurídica Melissa Andrade fez parte da turma de 2016 e agora compõe a coordenação do projeto. “As mulheres trazem experiências que são relatadas e trabalhadas durante o curso. Ao final do curso, as mulheres se sentem mais determinadas, com mais instrumentos para enfrentar as dificuldades trazidas pelas opressões vividas”, afirma.
Ao longo de 23 encontros durante o ano, o curso debate temas como educação popular feminista, sistema capitalista e a divisão sexual do trabalho, relações raciais, mulher e o espaço urbano, mulheres no campo e a agroecologia, direitos, sexualidade, resistência, entre outros.
Vanessa Silotti já sabia da existência do projeto, mas queria saber como funcionava na prática. A advogada foi uma das integrantes da sexta turma do curso, formada em 2017. “Descobri que o projeto vai muito além do conteúdo. A maior riqueza está no grupo formado por um universo de mulheres engajadas, enérgicas, múltiplas, coloridas, gente cheia de vida e força”, destaca a participante.
Além disso, Vanessa aponta que passou a compreender melhor a singularidade de cada movimento social. “A sororidade é algo que nos transforma, nos faz mais fortes e unidas. O curso proporciona essa conexão entre as mulheres, é como um elo de sustentação”, diz.
A coordenadora do projeto de extensão da UFPR, professora Melina Fachin, afirma que as Promotoras Legais Populares fazem parte de uma ação extraordinária. “As mulheres envolvidas são fabulosas, comprometidas com a luta”, ressalta. “O projeto trabalha com líderes comunitárias e as empodera, ao mesmo tempo em que aposta na força catalisadora delas nas comunidades e meios de convivência.”


Foto: Projeto Promotoras Legais Populares
Histórico das PLP´s
As atividades do projeto na América Latina começaram em países como o Chile, Argentina e Peru, na década de 1980. As PLP´s iniciaram a trajetória no Brasil em 1992, durante o Encontro do Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher.
O primeiro curso aconteceu no Rio Grande do Sul (1993) e, na sequência, no estado de São Paulo (1994).
Atualmente, a iniciativa conta com o apoio do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública (IBAP) e do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD).
Campanha
Para manter a nova edição do curso o projeto da UFPR lançou uma campanha de financiamento para cobrir os custos do projeto em 2018.
A sétima turma deve iniciar as atividades no mês de abril. Em média, 60 mulheres participam por ano.
As colaborações podem ser feitas na plataforma catarse. Acesse aqui.