Considerada um patrimônio natural da humanidade, a região – compreendida entre os estados do Paraná e São Paulo – ainda carece de estudos científicos em quase toda a sua extensão. “Mas uma das maiores dificuldades encontradas nos estudos de campo no Brasil é o alto custo das expedições”, comenta Renato Garcia Rodrigues do Laboratório de Biologia e Ecologia de Vertebrados da UFPR e coordenador de Cruzeiros Científicos do IPeC. “Na região do complexo estuarino isto também é uma realidade. Mesmo estando cravada entre dois grandes centros urbanos, a região é isolada e isso dificulta não só ações científicas, como também educacionais e culturais.”
Nesse contexto o Projeto Cruzeiros Científicos é uma estratégia inédita para burlar essas dificuldades, levando em uma mesma expedição vários pesquisadores e estudantes universitários, unindo esforços para viabilizar um aumento de conhecimento sobre a região. Todos os pesquisadores envolvidos trabalham nos estudos gerais, que compreendem o mapeamento da distribuição da fauna de várias espécies de mamíferos, aves e répteis na área como também desenvolvem estudos próprios. “Dessa forma, conseguimos gerar uma quantidade de informação que seria impossível conseguir através de esforços isolados”, esclarece Rodrigues.
A viagem – A cada mês uma equipe de seis pesquisadores sai de Cananéia, São Paulo, a bordo de uma embarcação baleeira de dez metros de comprimento, rumo ao centro do maior trecho contínuo de Mata Atlântica do Brasil. Cada expedição dura em média quatro dias. Durante esse tempo os pesquisadores se revezam no monitoramento da fauna e realizam seus estudos individuais. “Atualmente apoiamos nove projetos individuais de pesquisadores que estão realizando pós-graduação – mestrado e doutorado – e trabalhos de conclusão de curso – graduação”, diz o coordenador do projeto. “Durante as expedições, o trabalho praticamente não pára. Algumas atividades são realizadas no período diurno como os estudos com aves e outras são realizados noite adentro como é o caso da pesquisa com os jacarés.”
Durante o trajeto as expedições passam por algumas importantes Unidades de Conservação da região como é caso do PARNA do Superagüi, a Estação Ecológica dos Tupiniquins e o Parque Estadual Ilha do Cardoso. O monitoramento feito nessas áreas contribui para a gestão dessas unidades, já que mensalmente o projeto está relatando a presença e mapeando o local de encontro de várias espécies. “Acreditamos que esses mapas auxiliarão futuras pesquisas no momento em que os pesquisadores saberão de antemão onde encontrar seus objetos de pesquisa, além disso, os mapas conterão rotas e pontos que oferecem riscos à navegação”, garante Rodrigues.
Envolvendo a comunidade – Além de dados biológicos o Projeto Cruzeiros Científicos, na trilha de todos os projetos do IPeC, visa uma relação direta com moradores locais e tradicionais por onde a expedição está passando. Em toda a extensão da rota seguida pela equipe de pesquisadores, é possível observar vários povoamentos humanos. Essas populações de caiçaras consistem em uma grande riqueza cultural. Com a mente voltada para o pensamento de que é possível atrelar conservação da natureza com respeito às culturas existentes, o projeto pretende levar ações culturais e educacionais às comunidades da região entre Cananéia e Paranaguá. Essas ações serão realizadas através de “cruzeiros culturais” em parceria com o Projeto Vivendo Arte e Cultura/ Ponto de Cultura do IPeC e Ministério da Cultura.
O projeto cruzeiros científicos ainda pretende divulgar as informações geradas durante as pesquisas para o maior número possível de pessoas. “Para atender a esse objetivo estamos publicando artigos e resumos em revistas científicas e em congressos”, comenta Rodrigues. “E para atingir o público não especializado o projeto realiza exposições fotográficas em locais de grande circulação, assim como apresentações de pequenos documentários realizados por estudantes da UFPR”. As melhores imagens irão compor um livro fotográfico relatando a vivência do projeto, a incrível beleza cênica da região e as informações geradas. O projeto conta ainda com um espaço em construção no site do Instituto de Pesquisas Cananéia (www.ipecpesquisas.org.br).
“Temos o apoio financeiro da Fundação Araucária, mas estamos buscando parceiros no setor produtivo interessados em divulgar suas marcas nessa ação inédita realizada por jovens pesquisadores com um objetivo em comum: gerar conhecimento”, diz.
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Fonte: Vivian de Albuquerque
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