

Fotos: Samira Chami Neves.
O livro é resultado da monografia elaborada pelos dois autores em 1990, para o bacharelado do curso de História. A primeira edição foi publicada em 1996. O lançamento da segunda edição – que marca os 100 anos da greve – aconteceu no Círculo de Estudos Bandeirantes, com sessão de autógrafos.
“Havia um interesse na época em que foi o livro foi escrito, há 27 anos, relacionado à ameça que os direitos sociais sofriam. Agora, em 2017, circunstancialmente o ano do centenário da greve, parece-me que esse contexto que desperta o interesse pelo livro continua atual como nunca”, afirma o reitor Ricardo Marcelo.
O professor Maurício Galeb conta que não imaginou, durante a produção do livro, que o Brasil passaria por um retrocesso na luta pelos direitos sociais. “Se fizermos uma confrontação com a pauta dos direitos trabalhistas reivindicados em julho de 1917, perceberemos uma semelhança impressionante com direitos que estão sob risco hoje. Não poderíamos imaginar a atualidade do trabalho”, destaca Galeb.


A Greve Geral de 1917 em Curitiba
O livro retrata acontecimentos de julho de 1917, quando trabalhadores de Curitiba aderiram à greve geral iniciada no estado de São Paulo. Na capital paranaense, o movimento começou após um comício na Praça Tiradentes e durou seis dias.
“Era uma greve geral em uma época em que não havia rádio, jornal diário, meios de mobilização e, apesar disso, o movimento alcançou dimensão nacional”, diz o reitor Ricardo Marcelo.
O movimento foi inspirado no anarco-sindicalismo. Na capital, foram registradas explosões de pontes e interrupção de energia elétrica.
“Durante a greve geral houve a movimentação de trabalhadores curitibanos em uma cidade pouco industrializada, mas já com trabalhadores urbanos assalariados e com a formação de sindicatos majoritariamente anarquistas e anarco-sindicalistas”, contextualiza Galeb.
Ricardo Marcelo reforça que a greve de 1917 mostra que os direitos sociais são conquistados. “Um conjunto de movimentos importantes que aconteceram nos anos 10, 20 e 30 são responsáveis de modo direto pela positivação dos direitos sociais, que são consolidados em 1943 com a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho)”, lembra. “Esse é um dos papéis da história: rememorar. Melhor ainda quando acaba tendo um sentido forte dentro do nosso presente – o fato de reconhecermos que os direitos trabalhistas são resultados de vidas, sangue, lutas”.