

Um estudo comparativo entre propriedades químicas da madeira e do carvão das espécies arbóreas nativas de maior abundância em Moçambique e, por isso, mais utilizadas como fonte de matéria prima na produção de carvão vegetal, com espécies plantadas de rápido crescimento, evidenciaram uma redução importante no número de ha cultivados para obter o mesmo resultado. Na floresta nativa, é necessário o cultivo de 1.046.737 ha enquanto que no modelo de rápido crescimento 83.974 ha.
Esta é uma das conclusões a que chegou o professor Agnelo dos Milagres Fernandes, primeiro estudante moçambicano a defender tese de doutorado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal da UFPR. Segundo Agnelo, que atua como docente na Universidade Eduardo Mondlane (UEM), “a compreensão do atual modelo energético e a proposição de um paradigma mais eficiente de queima do material lenhoso é fundamental para o desenvolvimento sustentável de longo prazo da sociedade moçambicana, pois pode contribuir na definição de políticas adequadas para diminuir a pressão sobre a floresta nativa”.
Consumo de lenha e carvão
Durante a defesa de sua tese de doutorado, realizada no último dia 7, no auditório do Cifloma, o engenheiro florestal Agnelo Fernandes ressaltou que a pesquisa teve início em 2009, com a coleta de dados de consumo de lenha e carvão nas principais comunidades urbanas de seu país. Na sequência, aplicou questionários nas regiões estudadas, comparou as propriedades químicas da madeira e do carvão das espécies arbóreas nativas com as plantadas de rápido crescimento e analisou o rendimento gravimétrico de acordo com o tipo de tecnologia para a produção de carvão vegetal.
O professor, em sua tese intitulada “Análise da produção de madeira para o fornecimento de energia doméstica aos centros urbanos de Moçambique”, também levou em consideração as variáveis que compõem a matriz de consumo de combustíveis proveniente da madeira (carvão vegetal e lenha) como: número de famílias urbanas, biomassa aérea lenhosa e PIB corrente anual. A aplicação do modelo de regressão linear multivariada permitiu o prognóstico do consumo de madeira proveniente da floresta nativa para fins de energia doméstica por um período de 12 anos.
Convênio UFPR e UEM


A tese de doutorado de Agnelo Fernandes foi submetida à apreciação de banca examinadora formada por Randolf Zachow (Serviço Florestal Brasileiro); Evaldo Muñoz Braz (Embrapa Florestas); Ricardo Jorge Klitzke (UFPT); pelos professores da UFPR Marcio Pereira da Rocha; Carla Maria Camargo Corrêa; Nelson Carlos Rosot (orientador) e por Dartagnan Baggio Emerenciano, coordenador do convênio entre a UFPR e a UEM. Dartagnan também atuou como coorientador do estudo, junto com os docentes Dimas Agostinho da Silva (UFPR) e Mário Paulo Falcão, da Universidade Eduardo Mondlane, em Moçambique.
Celsina Favorito