Um grupo formado por professor e alunos do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizou estudo sobre os resíduos sólidos no município de Pontal de Paraná e propôs melhorias para o sistema de gestão dos resíduos urbanos municipais. As análises e proposições foram reunidas no livro “Os Resíduos Sólidos no Município de Pontal do Paraná – PR, Brasil”.
O resultado do estudo, feito pelo professor Cesar Silva e pelos acadêmicos Alan Correa e Marcos Vinicius Figueiredo, revela que o município apresenta uma dinâmica populacional característica da sazonalidade do litoral em que, devido ao turismo, a alta temporada no verão promove um aumento populacional flutuante que gera um montante muito maior de resíduos sólidos e que exige estratégias de gestão que contemplem essa variação.
De acordo com a gerência do Consórcio Intermunicipal para Aterros Sanitários realizado entre os municípios de Pontal do Paraná e Matinhos, o total de resíduos recebidos pelo aterro entre 2016 e 2017, nas duas cidades, nos meses de alta temporada foi de 15.746 toneladas. Enquanto na baixa temporada, foi de 18.854 toneladas. O período de três meses, considerado alta temporada, gerou um montante de resíduos sólidos praticamente equiparado àquele produzido em nove meses de baixa temporada.
O maior descarte evidenciado em todos os balneários em ambas as temporadas é de plástico e papel/papelão, seguidos por resíduos orgânicos. As análises sugerem que o município precisa implementar um programa intensivo de educação ambiental com os comerciantes, pois a pesquisa detectou diversos locais com acondicionamento inapropriado de resíduos e, em alguns casos, empilhados nas calçadas, o que pode causar riscos à saúde pública e provocar acidentes.


Recomendações
Entre as recomendações para o gerenciamento dos resíduos sólidos feitas pelo grupo, destaca-se a área para a disposição final dos resíduos. O aterro que atende o município passa por problemas operacionais e de execução de projeto. Por isso, a equipe da UFPR sugere que sejam realizados estudos topográficos, ambientais e técnicos em uma área adjacente ao terreno, onde deveria funcionar um aterro sanitário.
Enquanto isso, a indicação é para a implementação de uma estação de transbordo para o armazenamento temporário de resíduos durante a alta temporada. A medida evitaria que um número maior de veículos coletores fosse adquirido e a contratação de mais funcionários, que ficariam ociosos nos nove meses de baixa temporada. Também se sugere a adoção de postos de entrega voluntária nos principais balneários geradores para a otimização de rotas e tempo de armazenamento.
“Fomentar a prática e a implantação de negócios voltados à sustentabilidade como cooperativas, indústrias ou atividades de processos de resíduos. Aderir e regulamentar as políticas públicas em conformidade com os compromissos da Agenda Ambiental da Administração Pública. Implementar instrumentos de controle e fiscalização. Efetivar a presença de catadores, gerando inclusão, remuneração e economia solidária. Diligenciar negociações com empresas privadas e definir parcerias para implantar logística reversa”, são ações propostas pelo estudo.
Coleta seletiva
Recomenda-se a elaboração de um sistema de coleta seletiva com segregação de resíduos e de fonte geradora. Dessa forma, residências e comércios seriam tratados de forma diferentes, bem como os resíduos recicláveis e não recicláveis para a coleta domiciliar e resíduos da construção civil, de saúde, pneumáticos, etc.
Na alta temporada, a coleta seletiva deve ser feita todos os dias em todos os balneários, utilizando estações de transbordo e postos de entrega voluntária. Na baixa temporada, ela pode ser realizada, no mínimo, três vezes na semana alternando os dias entre os balneários do município e intercalando os veículos de coleta de rejeitos e orgânicos com os de recicláveis, que deverão ser direcionados aos pontos de entrega voluntários ou à associação de catadores registrada.
Educação ambiental
Outra importante providência é o estabelecimento de um programa de educação ambiental que contemple programas educativos, ações de capacitação, informativos e outros meios de comunicação direta com comerciantes, moradores e turistas.
“É um equívoco a população imaginar que depende somente do poder público para que a cidade que temos se transforme na cidade que queremos. A transformação de um município se dá pela prática diária da cidadania. Ações conscientes das pessoas que constituem a cidade são capazes de moldar o mundo e transformar a sociedade”, comentam os autores.