O tradicional mundo dos rodeios campeiros se abre para mulheres, pioneiras em um meio predominantemente masculino. Foto: Miriam Adelman
Os rodeios e outras atividades equestres, parte da cultura “campeira” do Sul do Brasil, têm tido cada vez mais a participação de mulheres. Para estudar esses processos de mudança numa população que recebe menos atenção do que o mundo urbano nos estudos de gênero, um grupo de pesquisa da UFPR procurou responder uma série de questões sobre relações de gênero, corpo e sexualidade em contextos de trabalho e lazer, em meios rurais e semi-rurais.
O estudo foi coordenado por Miriam Adelman, professora do programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFPR. Um dos resultados do trabalho é um livro de fotografias feitas na região de Curitiba com moradores em suas atividades a cavalo.
O trabalho surgiu do interesse pessoal de Miriam Adelman pelas atividades equestres. Em seus passeios a cavalo aos domingos, ela percebeu que as cavalgadas comunitárias reúnem pessoas de idades e gêneros diferentes na região metropolitana de Curitiba – ao contrário do que acontece em outras atividades de domingo comuns nos espaços públicos da região, como futebol, encontros em bares e nas ruas.
A partir dessa observação das atividades equestres na vida cotidiana, a pesquisa teve início com o universo dos rodeios organizados pelos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) paranaenses, para depois ser ampliada para um campo etnográfico maior.
Miriam diz que seu interesse é pela tensão entre as normas femininas e as práticas esportivas, e em que medida elas podem quebrar tabus e barreiras. As questões que a pesquisa procurou responder se inserem numa temática de relações e representações de gênero, corpo e sexualidade em contextos de trabalho e lazer, em meios rurais, semi-rurais e “rurbanos”.
Cavalgadas reúnem homens e mulheres nos fins de semana na região metropolitana de Curitiba. Foto: Miriam Adelman
A pesquisa foi financiada pelo CNPq, por meio do edital “Relações de Gênero, Mulheres e Feminismos”, de 2012. Miriam Adelman participou, em setembro passado, de um seminário de apresentação dos resultados dessa chamada pública. O evento aconteceu em Brasília, promovido pela Secretaria de Políticas para as Mulheres, pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Segundo Miriam Adelman, dentre quase 30 trabalhos apresentados no Grupo de Trabalho sobre Mulheres e Gênero no Meio Rural, apenas um trabalho, além do seu, tratava de temáticas relacionadas ao lazer das mulheres no meio rural. O outro trabalho, conta Miriam, chegou à conclusão de que pouquíssimas mulheres tinham um lazer fora de atividades convencionais como as que se organizam através de igreja e família, mencionando algumas mais jovens que estavam começando a praticar o futebol. “O nosso trabalho apresenta uma situação muito diferente – o que reforça nossa hipótese sobre a possibilidade transgressora contida no nosso campo – mostrando meninas e mulheres praticantes de esportes equestres em número cada vez maior”, avalia.
A pesquisa continua em curso, e agora tem novos focos, como a relação entre o lazer no mundo equestre e o futuro vocacional dos jovens. “Percebemos, por exemplo, que a prática dos meninos muitas vezes evolui de prática de lazer para a prática profissional, e que isto dificilmente acontece com as meninas, a não ser que tenham oportunidade de fazer um curso superior e pós-médio como zootecnia ou veterinária”, diz Miriam. O interesse também é em ver como discursos sobre diferença e diversidade podem ou não estar entrando no horizonte destes jovens.
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