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Novo pró-reitor propõe gestão horizontal para a extensão e a cultura

03 fevereiro, 2017
13:32
Por Lais Murakami
UFPR

Foto: André Filgueira

Aproximar a Pró- Reitoria de Extensão e Cultura das demais unidades da universidade, garantindo uma atuação horizontal nas duas áreas, é o desafio que o professor Leandro Franklin Gorsdorf se propôs a enfrentar ao assumir o cargo de pró-reitor, no início de janeiro. Para Gorsdorf, é preciso mapear tanto o que a universidade pode oferecer às comunidades em que está inserida no campo da extensão – ouvindo também a sociedade sobre suas expectativas e necessidades – quanto a riqueza cultural escondida nos inúmeros espaços da instituição.

Entre as propostas em estudo estão a inclusão da extensão nos currículos, a identificação de novas formas de divulgação da produção cultural da UFPR  e o incentivo à auto-organização dos alunos em movimentos de expressão cultural.

Leandro Gorsdorf traz para a Proec a experiência acumulada ao longo de  uma trajetória fortemente ligada aos movimentos sociais, à arte e à extensão. Entre as iniciativas que já protagonizou estão o programa “Políticas Públicas em Direitos Humanos” e a resolução para a aplicação do nome social dentro da universidade. Além disso, Gorsdorf participou do processo de consolidação do Núcleo de Prática Jurídica do curso de Direito, assumindo um papel inovador cujo objetivo era fortalecer a área de direitos humanos e atender melhor as demandas a ela relacionadas.

 

Conte um pouco sobre sua trajetória de infância e juventude.

Eu sempre fui um morador do centro de Curitiba, por isso o prédio histórico da UFPR foi uma referência para mim, já que eu costumava brincar na Praça Santos Andrade.  Minha formação inteira foi totalmente voltada para uma visão mais humanística e muito ligada à cultura e à arte. Durante esse período, trabalhei com fotografia, com cerâmica e com gravuras. Além disso, quando era estudante, também fiz várias oficinas de teatro do Festival de Inverno de Antonina.

Como decidiu pela graduação em Direito?

Primeiramente eu havia optado pelo curso de Arquitetura, pois meu sonho sempre foi trabalhar com cenografia em teatro. Porém, no ano em que fiz vestibular, minha avó, pessoa muito importante para a minha formação, faleceu.  O sonho dela era que eu fosse advogado. Isso me fez repensar minhas opções e percebi que a formação em Direito poderia me trazer possibilidades mais amplas, tornando-se uma abertura para outros campos, relacionando-se com outros saberes e outas áreas de conhecimento. Dessa forma, escolhi realizar o curso de Direito e me formei na Pontifícia Universidade Católica (PUCPR).

De que forma seus caminhos se cruzaram com o da UFPR?

Durante o período em que estudei na PUC, todas as minhas relações de amizade eram com alunos dos cursos de Direito e de Publicidade da UFPR. Por isso, eu frequentava muito a instituição e participava de projetos de extensão como aluno externo.

Foi nessa época, inclusive, que tive meu primeiro contato com extensão, pois, enquanto eu cursava a graduação, a PUC não oferecia muitas opções nesse sentido. Em razão disso eu vim para a UFPR visando complementar minha formação. Participei, ainda, de diversas palestras e encontros sobre Direito que a universidade oferecia.

A partir do momento em que me graduei pensei em trabalhar minha trajetória acadêmica. Assim, realizei uma especialização em minha área e então ingressei no mestrado em Filosofia do Direito, aqui na UFPR. Escolhi como tema da dissertação “Assessoria Jurídica Popular”, justamente por ter tido, durante meu projeto de extensão, muito contato com movimentos sociais e populares e com uma advocacia voltada às demandas da sociedade. Também, concomitante ao mestrado, tive diversos encontros com entidades de direitos humanos como a Comissão Pastoral da Terra e a Justiça Global. Esses fatores me levaram a fundar, aqui em Curitiba, a Terra de Direitos, entidade de direitos humanos na qual trabalhei por sete anos. Acredito que um pouco da minha experiência em gestão se deu devido ao trabalho de coordenação e de planejamento que realizei ali. Atualmente a Terra de Direitos se tornou referência nacional em direitos humanos, por isso tenho muito orgulho de ter feito parte dessa trajetória.

Como ingressou na vida acadêmica?

O sonho de perseguir a vida acadêmica sempre foi grande. Por esse motivo, decidi sair da Terra de Direitos para retomar esse objetivo. Dessa forma, comecei lecionando Direitos Humanos na Universidade Positivo, onde depois fui chamado a coordenar o Núcleo de Práticas Jurídicas e a Extensão. Foi nesse período que também voltei à minha antiga paixão: o teatro. Tive a oportunidade de voltar a atuar no grupo do Teatro Positivo. Foi um período de aprendizagem tanto na parte de execução como de gestão.

Então houve concurso para uma vaga inovadora no curso de Direito da UFPR, o objetivo era fortalecer a área de direitos humanos e o núcleo de práticas jurídicas. Foi assim que ingressei na universidade ocupando a vaga de professor de prática jurídica em direitos humanos. À época, o Núcleo de Prática Jurídica estava em processo de consolidação, assim pude auxiliar na aprovação do regimento interno e na estruturação da área de direitos humanos, que ainda não existia naqueles moldes.

Quais funções já exerceu na universidade?

Um ano após meu ingresso, fui convidado para coordenar o Núcleo de Prática Jurídica. Como sempre tive relacionamento com diversas entidades de direitos humanos e de movimentos sociais em Curitiba e no Paraná, quando essas instituições perceberam que eu estava atuando na UFPR inúmeras e variadas demandas passaram a chegar para minha apreciação: movimentos de mulheres, movimentos LGBT, população em situação de rua, pescadores paranaenses, povos tradicionais, entre outros. Foi então que eu criei o projeto “Políticas Públicas em Direitos Humanos”, para o qual  contei com a ajuda de professores de cada uma dessas áreas. O projeto foi encerrado recentemente, porém propostas que estavam vinculadas a ele hoje seguem funcionando de forma individual. Em seguida, fui chamado para a missão de retomar um trabalho da PROEC com os movimentos sociais e com as políticas públicas. Nesse período desenvolvi diversas ações ligadas a essas demandas – entre elas a resolução para a aplicação do nome social dentro da universidade.

Quais serão os desafios nessa função?

Acredito que nosso maior desafio seja a aproximação com departamentos que, normalmente, não estão relacionados à cultura e à extensão, principalmente com os campi fora da cidade de Curitiba. No que diz respeito à extensão, primeiramente devemos pensar qual é o impacto que esse ramo gera em nossa sociedade. Assim, podemos realizar uma avaliação sobre os projetos e o que eles têm garantido de difusão de conhecimento e de transformação para a comunidade. Devemos escutar a população, procurando saber o que ela espera da UFPR no tocante a ensino, pesquisa e extensão, para também pensar em projetos mais estratégicos em longo prazo.

Precisamos realizar uma ação interna para descobrir o que temos de riqueza em nossos professores, técnicos e estudantes e o que podemos oferecer à sociedade. No campo da cultura, nosso maior desafio é potencializar e tornar mais visíveis nossos grupos artísticos, espaços cênicos, museus e editora, tornando-os referência na cultura paranaense.

Além disso, devemos pensar o plano institucional de cultura, que implica contemplar todos as vertentes de cultura desenvolvidas na universidade, e não apenas no âmbito da PROEC. Precisamos fazer um diagnóstico da cultura dentro da universidade e fomentar outras formas de expressão artística, idealizando que cultura e extensão devem estar totalmente imersas na produção da formação na UFPR.

Mais um desafio é encontrar uma forma de dialogar com os jovens, pensar em outros instrumentos de divulgar a cultura e inserir isso nas mídias digitais.

Quais suas metas para a sua gestão na PROEC?

Temos a proposta da inserção da extensão no currículo, pois atualmente ela é válida apenas como atividade complementar. Precisamos levar em conta como a cultura se torna parte da formação e de que forma ela é vivenciada no cotidiano, não apenas no momento em que vamos a um espetáculo ou a uma exposição. Cultura é o modo de vida, as expressões, a maneira como determinados espaços de convivência dentro da universidade estão sendo ocupados. Isso também faz parte das expressões culturais, que são muito mais amplas do que a arte.

Ademais, tenho o projeto de apoiar ações auto-organizadas dos estudantes. Atualmente os alunos não mais se organizam somente por centros acadêmicos, mas também de outras formas. Pretendo descobrir novos talentos dentro da universidade. Há pessoas que escrevem poesia, prosa, fotografam, dançam, mas que não querem estar em um grupo institucional e sim descobrir outras formas de integração, por isso quero incentivar ações nesse sentido.

Com relação à extensão, a ideia é conseguir que projetos que tenham a mesma atuação em determinado território conversem e se agreguem entre si. A intenção é que a atuação da PROEC seja horizontal, podemos fazer uma analogia com o rizoma de uma árvore, cuja raiz permeia vários pontos, porém sempre tem um local de encontro.

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