Além da iniciativa, chama atenção o nome que recebeu um projeto que busca melhorar a aprendizagem de crianças cegas por meio de um jogo virtual desenvolvido na Licenciatura em Ciências da Computação de Palotina: Thundera. A alusão ao planeta onde se passa um desenho animado famoso nos anos 1980 faz menção direta aos objetivos do projeto, explica o coordenador do Thundera, professor Marcos Vinicius Oliveira de Assis. “O personagem principal do desenho possuía uma espada mágica que lhe dava ‘a visão além do alcance’. Esse é o nosso objetivo, aumentar o alcance educacional de crianças com deficiência visual através de jogos eletrônicos”, conta.


O projeto reúne professores e alunos (bolsistas e voluntários) do curso de Palotina. A equipe já desenvolveu versões piloto do jogo (chamado de áudio-game) que estão em fase de testes e vêm sendo documentadas em trabalhos científicos (leia aqui e aqui). Depois de concluído, o jogo será disponibilizado gratuitamente para centros especializados na educação de pessoas cegas.
Desenvolvido dentro do Programa Licenciar, o Thundera começou em 2015, quando a equipe de Assis começou a levantar as principais necessidades de crianças com deficiência visual atendidas pelo Centro de Atendimento Especializado para Deficientes Visuais (CAEDV), que funciona na Escola Municipal Joaquim Monteiro Martins Franco.
RPG


A pesquisa apontou que matemática e português são as duas matérias que os alunos consideram mais difíceis, dentro do plano pedagógico que seguem, fundamentado em áudio e tato. “Escolhemos essas disciplinas para abordar em nosso jogo”, explica Assis. Outra escolha com base no interesse dos alunos foi por um jogo de RPG (Role Playing Game ), em que o jogador interpreta um personagem em uma história fantástica. “Esse estilo de jogo tem preferência por conta do fator imaginativo”, diz Assis.
A história do jogo se passa numa época no futuro. A ideia é que os jogadores assumam o papel do filho do único cientista capaz de resolver uma crise causada por mau funcionamento dos robôs, mas que desaparece em meio a ela. “O filho do cientista possui deficiência visual. Com a ajuda de um robô pessoal e de um rádio, consegue falar com o pai desaparecido às vezes. Para buscar o pai, ele resolve enigmas e outros problemas de matemática e de português”, conta Luan Felipe Umeres, de 23 anos, aluno do 2.º ano da licenciatura e bolsista do projeto.
Enquanto bolsistas e voluntários como Luan trabalham no desenvolvimento do roteiro e da história do RPG, os outros, entre eles Felipe Sobral, de 18 anos, programam o jogo em linguagem Java. “Me interessei pela criação do jogo e pelas particularidades dele. É um ramo que não tem muitos desenvolvedores e nem muitos jogos para o público-alvo o que possibilidade uma grande repercussão”, conta ele.
Mais informações podem ser obtidas no site do projeto (aqui).