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Curso da Escola Técnica forma profissionais para atuarem junto a dependentes químicos

06 janeiro, 2006
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A novidade é a implantação, para 2006, com um vestibular específico da primeira turma de Ensino Médio integrado ao curso técnico de Reabilitação em Dependências Químicas pela Escola Técnica da UFPR.

A dependência química não afeta apenas o usuário de álcool ou drogas. Envolve todas as pessoas que estão em volta dessa pessoa tornando-se co-dependentes. Os problemas são muitos, principalmente aqueles em que os dependentes perdem a auto-estima, a família e o emprego, além de afastarem-se do convívio social. Para quem passou por isso e conseguiu a reabilitação, um dos caminhos é justamente tornar-se um agente que pode servir de exemplo e de apoio para quem ainda é dependente. Essa é parte da história de Marino de Oliveira, integrante do Programa Justiça e Cidadania, da unidade de Resgate Social da Prefeitura Municipal de Curitiba e fundador da Associação Paranaense dos Terapeutas em Dependências Químicas.

Esta é parte da história, porque Marino ao reabilitar-se em 1982, passou não apenas a trabalhar como um voluntário na reabilitação de outros dependentes, mas também a dedicar parte do seu tempo para tornar a profissão reconhecida e com legislação que garante direitos trabalhistas. “Estamos muito gratificados por conseguirmos formar o primeiro curso do Paraná e o primeiro reconhecido pelo Ministério da Educação de Técnico em Reabilitação de Dependências Químicas. Principalmente, porque fomos tão bem recebidos pela equipe da Escola Técnica, que nos acolheu com carinho e com a qual estamos desenvolvendo uma parceria muito importante”, esclarece Marino. Para ele que está trabalhando em prol da formação específica deste profissional há mais de 10 anos, ver a formação tornar-se realidade é um presente especial. “Existe uma demanda muito grande, tanto na área pública quanto privada por esse técnico. É preciso lembrar que o trabalho de reabilitação necessita de profissionais qualificados, que compreendam todo o universo que envolvam o problema, tendo conhecimento de diversas áreas como a de direito, psicologia e saúde para poder tratar do dependente.”

Proposta do curso

A visão da Escola Técnica – Para a professora Zita Castro Machado, coordenadora geral de ensino da Escola Técnica, a proposta do curso Técnico em Reabilitação de Dependências Químicas surgiu da proposta que a Associação Paranaense dos Terapeutas em Dependências Químicas tinha na criação do curso. “Abraçamos a causa por termos consciência de sua importância. Com a efetivação do curso, a UFPR promoveu novamente um processo de inclusão, pois os dependentes químicos são normalmente excluídos da sociedade e muitos dos alunos do curso são ex-dependentes”, expõe. A demanda proposta pela Associação veio ao encontro do pedido que o reitor Carlos Moreira Júnior havia feito ao diretor da Escola Técnica, professor Alípio Leal, de pensar numa proposta que trabalhasse nessa direção. “É função da Universidade tratar do assunto de dependência química. E precisamos fazê-lo com as ferramentas que possuímos, é justamente a formação, o ensino”, enfatiza o reitor da UFPR.

A legislação do Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica permite que seja feito o reaproveitamento de estudos. Muitos dos cursos dados no País, na área de dependência química, são de 800 horas que não permitem o reconhecimento, já que é necessária uma carga horária mínima de 1200 horas. A primeira turma formada pela Escola Técnica de Técnicos em Reabilitação de Dependências Químicas foi feita com base nesta legislação, a resolução 4/99. “A primeira turma é formada por pessoas que já têm muita experiência na área, com vivência. Assim, eles passaram por uma seleção e participaram de um semestre de atividades de complementação, dos quatro que formam o curso. Agora, essa primeira turma já conta com o diploma reconhecido pelo MEC e poderá atuar como um profissional capacitado”, esclarece a professora Zita.

As atividades do curso – Entre as atividades propostas pelo curso estão os estágios que os alunos devem fazer em clínicas, casas de repouso, hospitais entre outros. “A primeira turma realizou essas atividades. A proposta para a nova turma é que sejam inseridas atividades educativas também com os alunos da própria Escola Técnica. Ou seja, os alunos do curso técnico deverão preparar atividades em que vão fazer a educação dos jovens de outros cursos da Escola Técnica sobre as questões da dependência química”, diz a professora Zita. Sobre o curso integrado ao Ensino Médio, explica que foram vários fatores que direcionaram para este fato. “Abrimos seleção para uma nova turma e não obtivemos inscritos, pois itens de seleção como ter mais de 18 anos e ensino médio completo impediram muitas inscrições. Além disso, há um decreto federal que obriga as escolas federais a ofertarem para 2006 10% das vagas em cursos profissionalizantes com ensino médio interado, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Assim, verificamos uma excelente oportunidade de organizar o curso de Reabilitação em Dependências Químicas integrado em Ensino Médio. Já temos o curso aprovado e iremos fazer uma seleção em 2006 para esse curso.”

Sucesso – Para Marino o curso já é um sucesso. “Temos procura de pessoas de diversas cidades do Paraná e de outros estados, como Santa Catarina. A segunda turma está com 52 alunos e é bastante interessante e, às vezes, difícil dar aula para eles. Difícil porque são pessoas que também têm uma longa vivência na área e não queremos sobrepor conhecimentos. O que fazemos é estimular o debate e padronizar muitas das ações”, diz. Segundo ele, cerca de 60% desses alunos são dependentes reabilitados e estão trabalhando para levar sua experiência e conhecimento na recuperação de outras pessoas.

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Marino em ação com os futuros profissionais
Foto: Isabel Liviski

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Fonte: Patricia Favorito Dorfman

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