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Diretor da Agência de Inovação UFPR fala sobre planos e desafios da nova gestão

13 março, 2017
09:24
Por Juliana Marques
Ciência e Tecnologia

A Agência de Inovação da UFPR quer ampliar o número de processos de patenteamento e transferência de tecnologia gerados a partir da produção científica da universidade. Responsável por facilitar a transferência para a sociedade dos produtos e processos inovadores desenvolvidos na UFPR, a Agência pretende aproveitar a janela de oportunidades aberta pelo Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação para ampliar a captação de recursos para financiamento de projetos, num momento de dificuldades orçamentárias para as universidades públicas.

O papel da Agência é dar suporte à comunidade interna nas demandas de proteção do conhecimento, orientar os procedimentos sobre transferência de tecnologia, definir planos para empreendedorismo e projetos de geração de negócios inovadores.

O novo diretor executivo da Agência de Inovação UFPR, Carlos Yamamoto. Foto: Marcos Solivan / Sucom UFPR

Desde fevereiro deste ano, a Agência de Inovação tem um novo diretor executivo. Carlos Yamamoto assumiu a direção com o desafio de ampliar a atuação da Agência e aumentar a captação de recursos para projetos em um cenário econômico desfavorável.

Na opinião de Yamamoto, o cenário atual de restrição orçamentária não deve melhorar em curto prazo. “Existe uma escassez muito grande de recursos, principalmente recurso público para pesquisa”, afirma. Assim, a Agência de Inovação passa a ter o papel estratégico de facilitar a captação de recursos para financiar os próprios projetos internos. De acordo com Yamamoto, o novo Marco Legal pode facilitar esse processo.

O Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação, lei sancionada pela presidência no início de 2016, desburocratiza e facilita as parcerias entre universidades públicas e empresas privadas. “Não existe inovação sem recursos. A inovação passa por laboratórios altamente capacitados, pessoal treinado e pesquisas gerando novas ideias, novos produtos e novas soluções”, destaca. A UFPR criou uma comissão para estudar e implementar as mudanças internas necessárias para se adaptar à nova lei.

A ideia é formar parcerias que permitam que empresas usem a infraestrutura da universidade e invistam no complemento dessa infraestrutura, para ao fim alcançar resultados positivos para todos as instituições envolvidas.

“Eu particularmente enxergo que vamos ter que abraçar a causa de captar recursos para que as pró-reitorias sejam aliviadas nos custos de manutenção de laboratório, capacitação de pessoal. Isso deixa a universidade mais livre para outras ações”, diz.

Uma mudança de cultura é necessária, acredita Yamamoto. “Alguns grupos acham que interagir com a iniciativa privada, com municípios, estados ou o próprio governo federal não tem o mesmo nível de fazer pesquisa básica”, afirma. “Na minha opinião, isto vai ter que mudar, porque eu não consigo enxergar a Finep ou o CNPq financiando pesquisas como faziam antes”. Para ele, a universidade deve fazer pesquisa aplicada por um período, para que as organizações e empresas conheçam o potencial de trabalho e a responsabilidade dos pesquisadores, para depois começar a investir em pesquisa básica.

O potencial inovador da UFPR está disseminado por todas as suas áreas. A universidade tem laboratórios de excelência em todos os setores, e é referência em diversas áreas do conhecimento. “Eu acredito que os laboratórios têm que passar a interagir mais entre si, trabalhar de forma mais cooperativa”, opina Yamamoto. Essa mudança começou a acontecer com editais de apoio à infraestrutura da Finep que privilegiaram grupos multidisciplinares, “mas ainda é possível melhorar essa interação”, diz.

Inovação em números

Foto: Samira Chami Neves / Sucom UFPR

Na opinião do novo diretor da Agência, ainda é possível melhorar os números de inovação da UFPR, que já são expressivos – a universidade alcançou a quarta posição em inovação no Ranking Universitátio Folha 2016, que avaliou 195 universidades brasileiras.

Já no mais recente ranking de depósitos de patente do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a UFPR ficou em quarto lugar geral e no terceiro lugar entre as universidades, com 50 pedidos de patentes depositados em 2015.

A instituição já depositou, no total, o pedido de 447 patentes e teve oito patentes concedidas. Na área de transferência de tecnologia, foram 15 contratos de licenciamento, 37 contratos de co-titularidade e três contratos de outros tipos. Atualmente, três empresas estão incubadas na Agência de Inovação UFPR e sete já se graduaram.

“A ideia é multiplicar esses números e gerar mais eficiência na aplicação de recursos”, afirma Yamamoto. Uma maneira de fazer isso é estimular as patentes com maior potencial de transferência de tecnologia.

O caminho da inovação

Existem várias maneiras pelas quais uma ideia se desenvolve até virar um produto ou processo patenteado. Às vezes, uma necessidade pública faz com que recursos sejam investidos para solucionar aquele problema. Esse foi o caso do zika vírus, que se tornou uma ameaça à saúde no Brasil, e os especialistas da área se mobilizaram para criar kits de identificação, entre outras soluções.

Quando um grupo de pesquisa percebe que o seu trabalho pode ser aproveitado pelo mercado, o pesquisador deve entrar em contato com a Agência de Inovação, que vai começar o processo de proteção intelectual.

A Agência faz uma pesquisa de anterioridade para saber se alguém já patenteou o produto antes, e, se não houver nada similar, solicita a proteção junto ao INPI para manter a patente protegida. Em seguida, a Agência procura algum interessado em licenciar essa patente, e é feita a transferência desse conhecimento para o mercado.

Uma das metas da Agência é aumentar a transferência de tecnologia. “Vamos fazer uma análise crítica para ver como é possível melhorar o grau de conversão em tecnologia transferida”, destaca Yamamoto.

Saiba mais no site da Agência de Inovação UFPR.

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