

A UFPR e a Universidade de Potsdam promoveram, em Berlim (Alemanha), com o apoio do Instituto Ibero-Americano, o Simpósio” Guimarães Rosa e Meyer-Clason” – literatura, democracia, saber-conviver. O encontro marcou os 50 anos de falecimento do escritor brasileiro, ocorrido em 19 de novembro de 1967 – três dias depois de assumir sua cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).
Financiado pela Fundação Alexander von Humboldt, o simpósio registrou ainda uma visita-surpresa ilustre: Juliane Meyer-Clason, filha de Curt Meyer-Clason, tradutor alemão e amigo de Guimarães Rosa. Entre os participantes mais importantes do encontro estavam ainda o professor Willi Bolle que, como renomado pesquisador, protagonizou uma série de programas e documentários sobre o escritor mineiro; Kathrin Rosenfield, autora de obras de referência sobre Rosa; Orlando Grossegesse, professor da Universidade do Minho, em Braga, pesquisador dedicado à obra de Curt Meyer-Clason; e Berthold Zilly, que no momento conclui nova tradução de Grande sertão: veredas ao alemão.
UFPR tem participação decisiva
A UFPR tem participação especial no processo de resgate da memória de Guimarães Rosa – um dos maiores escritores do Brasil. A Universidade Federal do Paraná sediará o acervo “outro sertão”, coligido por Adriana Jacobsen e Soraia Vilela, em parceria com a Universität Potsdam e o apoio da Fundação Humboldt e do Museu do Holocausto de Curitiba. Em parceria com o Museu do Holocausto de Curitiba, a Universidade também fundou e sedia o Centro Aracy Moebius de Carvalho de Pesquisa em Humanidades, que traz o nome da esposa de Guimarães Rosa.
Da mesma forma, a UFPR teve presença destacada no simpósio, que abordou o perfil internacional da obra do autor, sua poética e sua intensa ligação com a Alemanha. Isto porque as experiências dele e de sua esposa Aracy como funcionários do Consulado Brasileiro em Hamburgo, de 1938 a 1942, foram decisivas na formação do autor de “Grande Sertão: Veredas” e são caso único na América Latina.
Com presença da diretora Adriana Jacobsen, foi exibido o documentário “outro sertão“, sobre o período em que Guimarães Rosa atuou como vice-cônsul em Hamburgo. O ator e diretor Caco Ciocler apoiou o evento com a cessão de licença para exibição de seu documentário sobre Aracy Moebius de Carvalho.
Um dos professores da UFPR que participaram do simpósio foi Paulo Soethe, que falou sobre o tema “João Guimarães Rosa e a poética brasileira da internacionalidade literária”. Outros professores da UFPR presentes no encontro foram: Pedro Dolabela Chagas (“Sugestão para uma descrição complexa de Grande sertão: veredas”, Mauricio Cardozo (“Tradução, veredas: formas de vida da obra literária em tradução”) e Luís Bueno (“Provincianismo na literatura mundial: a dinâmica centro-periferia vista do Brasil”), bem como os doutorandos Fabrício César de Aguiar (“O voo das palavras: o desembocar das águas do Urucúia no Reno”) e Larissa Walter Tavares de Aguiar (“Correspondências entre Rosa e Meyer-Clason: o desembarque do Sertão em terras”). A mestranda Andressa Medeiros, que é atriz na cena teatral de Curitiba, fez a leitura do conto “A velha“, de João Guimarães Rosa.