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Reinfecção, vacina e saúde mental: cientista da UFPR responde novas dúvidas da sociedade sobre pandemia

Reinfecção, vacina, saúde mental, uso de máscaras e outras dúvidas da sociedade sobre contaminação e prevenção da Covid-19 foram respondidas por cientista da Universidade Federal do Paraná (UFPR). As perguntas integram a campanha “Pergunte aos Cientistas”, da Agência Escola de Comunicação Pública UFPR. Dessa vez, algumas dúvidas também são de participantes do Pint of Science Online Curitiba 2020.

Para uma pergunta sobre a linhagem do vírus Sars-Cov-2 em casos de reinfecção documentados, o pesquisador Emanuel Maltempi de Souza responde que conforme o número de casos de reinfecção por linhagens diferentes, a hipótese predominante é que reinfecções ocorrem. “Esse fato é mais um argumento contra a chamada imunidade de rebanho que, além de levar a um altíssimo número de mortes, é provavelmente ineficiente”.

O objetivo da campanha “Pergunte aos cientistas” é aproximar a sociedade da UFPR, democratizando o acesso à produção de conhecimento e mostrando o impacto da ciência na vida das pessoas. Para participar, basta enviar a pergunta ao e-mail agenciacomunicacaoufpr@gmail.com ou no direct do perfil @agenciaescolaufpr no Instagram, com nome completo, idade, profissão e cidade onde reside.

As explicações abaixo para novas dúvidas recebidas foram feitas pelo cientista Emanuel Maltempi de Souza, professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular e presidente da Comissão de Enfrentamento e Prevenção à Covid-19 da UFPR. Confira:

Contaminação

“Os casos de reinfecção documentados por PCR ocorreram pela mesma linhagem de Sars-Cov-2?” (João Carlos Marques Magalhães, participante do Pint of Science Online Curitiba 2020)
Cientista UFPR – Olá, João Carlos. Essa é uma pergunta interessante. A ocorrência de linhagens virais diferentes não foi confirmada em todos os relatos, mas em pelo menos quatro deles o genoma viral foi completamente sequenciado permitindo evidenciar diferenças de sequência do vírus da primeira e segunda infecção, sugerindo que os eventos de reinfecção foram distintos. Ainda há possibilidade do vírus ter sofrido mutação e o que foi identificado na segunda amostra seria a linhagem que persistiu no paciente.
Conforme o número de casos de reinfecção por linhagens diferentes, a hipótese predominante é que reinfecções de fato ocorrem. Esse fato é mais um argumento contra a chamada imunidade de rebanho que, além de levar a um altíssimo número de mortes, é provavelmente ineficiente. Um dos trabalhos que descrevem reinfecção pode ser conferido neste link.

“Do ponto de vista biológico haveria ligação entre Covid-19 e elevação de casos de depressão e ansiedade? Ou apenas de maneira indireta devido ao isolamento social e tensão econômica vivenciada?” (Manuella Godoi, participante do Pint of Science Online Curitiba 2020)
Cientista UFPR – Olá, Manuella. Mais uma excelente pergunta. Vários trabalhos em várias populações do mundo (Europa, América Latina, América do Norte, India etc.) têm mostrado que o distanciamento social e outros estresses associados ao combate à Covid-19 têm levado a aumentos nos casos de depressão e ansiedade de 20% a 50%. Além disso, tem sido observado aumento de uso de susbtâncias abusivas, principalmente álcool, e também de ideação de suicídio. Como se não bastasse, a Organização Mundial da Saúde (OMS) observou que os serviços de assistência à saúde mental sofreram comprometimento sério. Serviços como consultas e atendimento a vulneráveis sofreram redução de até 70% e mesmo atendimento de emergência foi comprometido em até 30%. Infelizmente as sequelas que a Covid-19 deixará serão enormes e vamos precisar de tempo, muita ciência e disposição para enfrentá-las.

Clique aqui e ouça um episódio do podcast “Fala, Cientista”, da Agência Escola UFPR, sobre como manter a saúde mental na pandemia.

“​O desenvolvimento da doença independe da carga viral a qual a pessoa é exposta?” (Angie Thaisa da Costa Souza, participante do Pint of Science Online Curitiba 2020)
Cientista UFPR – Olá, Angie. Esse tem sido um tema bastante estudado ultimamente. Mas não é um assunto fácil. A carga viral inicial ou inóculo parece de fato ser um importante (ou talvez o mais importante) fator determinante da severidade da doença. As evidências para essa conclusão se baseiam em estudos mostrando a menor severidade da doença em populações que adotam o uso de máscaras. Um outro estudo em hamster (animal susceptível ao SARS-CoV-2) também mostrou que animais submetidos a doses menores tiveram sintomas menos graves. Alguns autores têm sugerido que pode ocorrer um fenômeno denominado de “variolização”, ou seja, o uso de máscaras que reduz a exposição ao vírus SARS-CoV-2 pode levar a uma resposta imune robusta com o passar do tempo, sem desenvolver uma forma grave de Covid19. É importante ressaltar que não há comprovação para essa hipótese e que a exposição deliberada ao vírus é altamente perigosa. O que os estudos têm mostrado de forma convincente é que o uso de máscaras reduz a transmissão e a severidade da doença.
Outros estudos também têm mostrado uma correlação entre a severidade dos sintomas e mortalidade com a carga viral (quantidade de vírus que o paciente tem). Assim, de forma geral os resultados indicam que quanto menos for o inóculo, menor é a quantidade de vírus que o paciente terá e menor será a severidade da doença.

“Esse vírus usa oxigênio do ar para sua sobrevivência? A minha ideia seria, se o vírus usa oxigênio para viver, os cientistas usariam gás carbônico para enfraquecê-lo ou matá-lo” (Vanderlei Hessel)
Cientista UFPR – Olá, Vanderlei. Na verdade o vírus não precisa de oxigênio, pois não tem “vida própria”. Para se multiplicar o vírus tem que penetrar na célula de seu hospedeiro e, uma vez no citoplasma, ele sequestra enzimas e nutrientes das células para produzir milhares de novos vírus e nesse momento a célula é rompida com a liberação da “nova geração” de vírus. Cada um dos novos vírus realizará o ciclo novamente, gerando novos vírus exponencialmente. Assim, o gás carbônico não deve afetá-lo se estiver no ambiente, porque quimicamente não tem ação antiviral. Por outro lado, aumentar a concentração de gás carbônico (ou reduzir oxigênio) nos tecidos do paciente com Covid-19 afetaria todo seu organismo tendo efeito mais adverso que o próprio vírus.

“Minha vizinha trouxe um produto de cabelo em uma embalagem de plástico pra vender. Eu a recebi de longe. Não me aproximei, só peguei o produto e me afastei. Ela pediu que eu cheirasse o produto para saber se tem cheiro, pois sou alérgica. Eu cheirei sem encostar a embalagem no nariz, com um pouco de distância da embalagem do nariz. Mesmo assim é possível pegar o vírus sem encostar a embalagem no nariz? Fiquei preocupada” (Luciana Caldas Alves, 47 anos, advogada, Maceió-AL)
Cientista UFPR – Olá, Luciana. Acho que você pode ficar tranquila. Se sua vizinha estivesse contaminada, ela poderia estar produzindo gotículas contaminadas que se atingissem você, poderiam lhe contaminar. Você evitou isso ficando distante – esse é o poder do distanciamento social! – e (eu espero) usando máscara. Se as gotículas tivessem caído na embalagem, você precisaria tocá-las com as mãos e levar as mãos à boca, nariz ou olhos, ou seja, é necessário tocar na superfície contaminada para se contaminar. Como você nem chegou a encostar na embalagem isso não poder acontecido.
Manter aproximadamente 1,5 metro de distância de outras pessoas e usar máscara são medidas altamente eficientes para reduzir a transmissão. Mas não se esqueça de lavar as mãos e/ou usar álcool 70% em gel para se proteger de superfícies contaminadas.

Prevenção

“​O que se deve considerar para optar por uma ou outra vacina?” (Luís Fernando Fávaro, participante do Pint of Science Online Curitiba 2020)
Cientista UFPR – Olá, Luís. Obrigado pela pergunta. Essa deve ser um dúvida de muita gente hoje. São duas as principais características que devemos observar quando escolhemos a vacina: a eficácia (número de pessoas que são de fato imunizadas dividido pelo número de pessoas que tomaram a vacina) e efeitos colaterais e sua severidade. Em geral a eficácia tem que ser maior que 50% para a vacina ser considerada aceitável. Esses dois parâmetros são obtidos na fase clínica III, e por isso essa fase é tão importante e tem que ser conduzida com muito cuidado e de forma completamente isenta.
No Brasil para que uma vacina seja aceita no Programa Nacional de Imunização todos esses parâmetros são cuidadosamente analisados e somente se um painel de especialistas considera que a vacina é segura, é que é admitida. Mas no Brasil também temos várias entidades privadas que podem aplicar vacinas e todo o processo é fiscalizado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Se você tiver opção de tomar a vacina contra Covid-19, quando estiver disponível, em entidade privada, fale primeiro com seu médico. Se optar pelo sistema público, é importante lembrar que o programa de imunização brasileiro é um dos melhores do mundo e tem especialistas altamente capacitados.

“Depois de quanto tempo será seguro engravidar após ter recebido a vacina Coronavac ou outras vacinas contra Covid-19?” (Juliana Oliveira Pereira, 34 anos, servidora pública, Campinas-SP)
Cientista UFPR – Olá, Juliana. Essa também é uma dúvida importante. E a forma de resolvermos é analisando os testes. Não temos ainda dados especificamente sobre a vacina contra Covid-19, mas como a tecnologia é conhecida é provável que seja segura para ser administrada durante a gravidez. Esse é o caso por exemplo da Coronavac que você menciona e da chamada vacina de Oxford. As vacinas da Pfizer e da Moderna são baseadas em RNA mensageiro e não existe nenhuma outra que já tenha sido usada.
Porém a sua pergunta não é sobre vacina durante a gravidez, mas sobre riscos para bebê no caso de engravidar após tomar a vacina. Nesse caso, os riscos seriam ainda menores e não há razão para acreditar que os riscos são significativos (isso mesmo nos casos de vacinas com agentes vivos) baseado em tudo que conhecemos sobre vacinas.
Sugiro este e este link no caso de querer saber um pouco mais sobre vacinação durante a gravidez.

“​Sobre os protocolos de biossegurança implementados em outros países, como conseguiríamos retomar a circulação de pessoas no Brasil? Como produzir testes robustos para viabilizar isso antes da vacina?” (Manuella Godoi, participante do Pint of Science Online Curitiba 2020)
Cientista UFPR – Olá, Manuella. De forma geral os protocolos se baseiam em aumentar a distância entre as pessoas, uso de máscara, higiene pessoal (especialmente das mãos) e cuidados com circulação de ar. De forma geral a regulamentação municipal (no caso de Curitiba a Resolução Nº 1) é bastante adequada seguindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde. O elemento que talvez tenha sido subestimado nos protocolos que temos visto no nosso país é a classificação de risco de acordo com parâmetros epidemiológicos como incidência e número de reprodução do vírus. Essa classificação nem sempre é transparente. Por exemplo, estamos em bandeira amarela na cidade de Curitiba há semanas, mas o número de casos por dia por 100 mil habitantes ainda é considerado alto (acima de 10 nas últimas semanas), de acordo com o Harvard Global Health Institute.
De fato, o ponto mais fraco em todo o Brasil no combate à pandemia foi o sistema de testagem. Testes robustos existem e capacidade de realizá-los também. Talvez a importância da testagem não tenha sido reconhecida no início da pandemia causando atraso na organização de sistema de testagem que a severidade da pandemia exigia. Nesse momento há várias iniciativas locais, estaduais e nacionais para aumentar a capacidade de testagem. Vamos torcer que para possamos testar todos que apresentem algum sintoma e que programas de busca ativas sejam implantados para impedir a transmissão descontrolada numa segunda onda da doença.

“Como devemos proceder com as orientações para as empregadas domésticas que realizam o serviço semanalmente (uma vez)?” (Daiane de Farias, 33 anos, enfermeira, Pinhais-PR)
Cientista UFPR – Olá, Daiane. Essa é uma dúvida que constantemente aparece. Para garantir a sua segurança e também do(a) trabalhador(a) é importante que todos respeitem estritamente as regras para evitar transmissão: mantenha sempre distância de 1,5 metro (pelo menos) entre as pessoas; sempre use a máscara caseira; mantenha sempre portas e janelas abertas para aumentar a aeração dos ambientes; mantenha limpas as superfícies (mesas, balcões, pias etc.) com álcool 70% ou até mesmo água e detergente (sabão); limpe o chão com produtos de limpeza comuns (por exemplo água contendo duas colheres de sopa de água sanitária por litro); e higienize as mãos (água e sabão e/ou álcool 70% ou gel) com frequência. Se o(a) trabalhador(a) utilizar transporte público, mude horário para evitar aqueles de pico.
É muito importante lembrar que se alguém tiver algum sintoma gripal tem que se isolar, procurar assistência médica e realizar o teste se for essa a indicação.

“Moro sozinha e solicito o almoço diariamente em quentinha. Transfiro para um prato e coloco no micro-ondas por dois minutos na temperatura alta com objetivo de eliminar qualquer vírus e/ou coronavírus que possa ter contaminado esse alimento. Esse procedimento é seguro, é garantido?” (Selma Manhães Nunes, 64 anos, técnica de enfermagem, Rio de Janeiro-RJ)
“Posso pedir comida em restaurante e esquentar no meu forno em casa? A temperatura do forno mata o vírus?” (Gisele Curvello, 37 anos, engenheira, Rio de Janeiro-RJ)
Cientista UFPR – Olá Selma e Gisele. Vocês estão tendo um cuidado importante. Temperatura é um importante agente físico capaz de inativar o vírus SARS-CoV-2. Para diversos coronavírus foi determinado que a inativação térmica (ou desinfecção térmica) é obtida a 60°C durante 30 minutos, a 65°C por 15 minutos ou ainda 80°C por apenas um minuto. Um outro trabalho determinou um modelo de inativação térmica, que foi parcialmente validado experimentalmente, que também mostra que o SARS-CoV-2 é inativado após três minutos a 70°C.
Vejam que são dois os fatores importantes: a temperatura e o tempo. Pelo que vocês descreveram e baseado no que as pessoas normalmente consideram “quente”, a temperatura após micro-ondas na potência alta ou forno (não especificou tempo e temperatura) deve ter sido maior que 70°C e deve ter ficado nesse nível por pelo menos três minutos. Portanto é muito provável que seu cuidado é adequado e suficiente para inativar possível contaminação. Mas esses dois parâmetros só podem ser aferidos por vocês.

“Moro em uma cidade pequena que tem 26 casos de Covid-19 e todos recuperados. Moro só e estou em isolamento há sete meses. Compro máscaras descartáveis pela internet, made in China e as da Lupo. Uso só para pegar as compras no portão. Ainda assim fico muito preocupada, pois tenho que aproximar da pessoa para pagar etc. e não tenho certeza se são eficientes. Minha dúvida é se posso reutilizá-la mais vezes logo que fico próximo de alguém só por alguns minutinhos?” (Veraildes Novais Costa, 63 anos, professora aposentada, Piatã-BA)
“Máscara TNT tripla ainda não utilizada, porém mal guardada e exposta à poeira, pode ser lavada com água e sabão antes de usar ou temos que jogar fora? Máscara TNT tripla usada durante 10 minutos no interior do condomínio onde moro posso lavar com água e sabão ou jogo no lixo?” (Luiz Fernando Andrade)
Cientista UFPR – Essas perguntas são realmente importantes. Em primeiro lugar é importante chamar atenção para o uso da máscara, que protege o usuário mas principalmente impede que uma pessoa, assintomática ou sintomática, contamine outras pessoas. Aqui deixamos um link para um trabalho com um vídeo mostrando como o uso de máscara reduz a emissão de partículas pela boca e nariz. Em uma resposta acima foi detalhado a importância da máscara para reduzir a carga viral inicial ou inóculo.
Sobre a reutilização das máscaras cirúrgicas de TNT (descartáveis), a recomendação é não reutilizar e também não lavar. Porém, especialmente devido à falta desse material, muitas pessoas as têm reutilizado. Nesse caso a recomendação que encontramos é reutilizar se não houver nenhum dano aparente suja, manchada ou engordurada, enquanto a forma de desinfetar é deixar pendurada em ambiente seco por 72 horas. Ou seja, você deveria usar a cada três dias a máscara. Assim que notar que está suja ou com algum defeito, descarte-a.
Se a máscara for antiga e tiver poeira, verifique se está intacta, remova poeira sem lavar, antes de usar. Se foi usada por tempo mínimo, o ideal é guardá-la, pendurada, por 72 horas, antes do próximo uso.
Essas recomendações são baseadas no que se conhece e nos experimentos já realizados. Por isso elas podem mudar no futuro conforme novas informações surgem.

“Meu pai se contaminou com a Covid-19 perto do dia 12 de agosto. Fez teste PCR (do nariz) no dia 16 e recebeu o resultado positivo no dia 17. Ficou em isolamento os 15 dias e fez o teste de sangue, que acusou como reagente (ou seja, com anticorpos). Porém, para garantir, fez novamente o PCR no dia 9 de setembro e acusou ainda como positivo e refez no dia 16 de setembro e para surpresa ainda positivo. O que pode estar acontecendo?” (Patricia)
Cientista UFPR – Olá, Patrícia. Tudo isso é normal e se enquadra perfeitamente no que se espera. O teste do dia 12 foi o chamado teste molecular RT-PCR que detecta o material genético do vírus. Muitas vezes dizemos que detecta o vírus, mas não é exatamente isso. Esse teste não diz se o vírus está inteiro e muito menos se é ativo. De forma geral existe uma boa correlação entre a quantidade de material genético viral e viabilidade viral: quanto mais RNA viral, maior a chance dele ser viável e capaz de provocar doença.
O sorológico (sangue) diz se temos ou não anticorpos contra o vírus. Os anticorpos são formados cerca de cinco a sete dias após o vírus começar a se multiplicar no nosso corpo e ficam presentes no sangue por meses, anos ou até a vida toda (não sabemos o que ocorre no caso de infecção por SARS-CoV-2 ainda; resultados preliminares sugerem que pode ficar ativos por meses em algumas pessoas e outras não desenvolvem anticorpos). Primeiro aparecem anticorpos chamados IgM e IgA e mais tarde (cerca de 15 dias após início da infecção) aparecem IgG (que ficam presentes no sangue por tempo mais longo).
Então até aqui seu pai desenvolveu a resposta esperada. Mas aí temos uma mudança do comportamento padrão: o vírus deveria desaparecer em 14 dias! Não é bem assim. O vírus pode continuar ativo no paciente por um tempo mais longo, com detecção de vírus viáveis em alguns pacientes até um mês após desaparecer sintomas. Mas isso é raro. O que é mais comum é detecção do material genético por várias semanas passados os 14 dias do aparecimento dos sintomas, mas em geral a pessoa não transmite. O que é detectado é o resto do material genético, parcialmente degradado, que ainda está presente nas secreções, mas esse material não é capaz de transmitir a doença.
De forma prática e para evitar a chance de transmissão, recomenda-se que o paciente continue em isolamento enquanto tiver reação positiva do swab nasal (RT-PCR). Mas, como você já deve ter notado, na ausência desse segundo teste o paciente está liberado do isolamento 14 dias após o aparecimento de sintomas, desde que todos os sintomas tenham desaparecido nesse período.

“Qual é a medida exata de água sanitária que devo usar para misturar com água para borrifar nos ambientes fechados para combater o coronavírus?” (Isabel Cassarotti, aposentada, Maringá-PR)
Cientista UFPR – Olá, Isabel. Duas colheres de sopa de água sanitária em um litro de água potável são suficientes para produzir uma solução que vai inativar o SARS-CoV-2, o novo coronavírus causador da Covid-19, em poucos minutos. Mas é importante chamar a atenção que essa solução desinfetante deve ser usada em superfície com auxílio de um tecido, no piso, e também pode ser usada para deixar pequenos utensílios, verduras, frutas etc. de molho por alguns minutos. Essa solução não tem a capacidade de desinfetar o ar de um ambiente. Para isso o melhor é abrir portas e janelas e deixar tudo bem arejado. Ainda, você deve ter cuidado, pois o hipoclorito de sódio, agente desinfetante, tem capacidade alvejante podendo desbotar alguns tecidos. Nossa sugestão é que para mesas e superfícies seja usado solução de álcool a 70%, pois evapora rapidamente.

Clique aqui e confira outras matérias com perguntas da sociedade sobre Covid-19 respondidas por cientistas da UFPR

Ouça abaixo uma playlist com boletins informativos do Volume UFPR sobre a pandemia, uma produção da Agência Escola UFPR em parceria com a UniFM:

Por Chirlei Kohls
Parceria Superintendência de Comunicação e Marketing (Sucom) e Agência Escola de Comunicação Pública da UFPR

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