Cinco das sete mulheres do grupo são egressas do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná. Entre elas está Ana Paula Dalla Corte. “O curso de Engenharia Florestal da UFPR, criado na década de 1960, é o primeiro do País. Fizemos um levantamento a partir das formaturas da graduação e os dados mostram a grande presença masculina até os anos 90. Isso se reverteu nos últimos anos, com um maior balanceamento. Chegamos a ter em alguns anos, como 2004 e 2011, 51% de formandas mulheres”, explica Ana Paula, que atua docente da instituição.
De acordo com o grupo, os números de formação, porém, não refletem a realidade do setor. Em outro estudo, as idealizadoras da rede identificaram a média de trabalhadoras na área, pelo levantamento de resumos públicos de empresas certificadas no Brasil.
“Com base no universo de 110 organizações com manejo certificado, totalizando 6,5 milhões de hectares de área de manejo, sendo 5,5 milhões voltados para plantações, são apenas 8% de mulheres trabalhando no campo, no setor florestal”, explica a engenheira florestal, Fernanda Rodrigues.
As profissionais afirmam que grande parte das dificuldades no mercado de trabalho existe porque faltam oportunidades para ambos os gêneros, conforme o tipo de atividade desenvolvida.
A proposta do grupo é promover a discussão sobre diferentes enfoques. “Vamos trazer cada vez mais esse assunto à tona para que as pessoas compreendam que a equidade de gênero não é apenas um número. Queremos oportunizar a ampliação e revisão de conhecimentos e preconceitos”, diz Ana Paula.
A rede independente possui caráter não governamental, sem fins lucrativos ou vinculação partidária, e é inclusiva também para homens que atuam no setor. A formação em rede abrange diversas entidades. Fernanda conta que a ideia é envolver as iniciativas privada e pública, incluindo profissionais de outras áreas que transitam pelo setor. “Já temos programadas atividades para o segundo semestre e estamos em contato com universidades de outros estados. Vamos trabalhar no sentido da nossa missão e tentar influenciar o setor”.
Setor Florestal e a UFPR
Pioneira na criação do curso de Engenharia Florestal, a Universidade Federal do Paraná é considerada uma instituição simbólica no setor.
“Além da UFPR ter o primeiro curso do Brasil, o setor florestal nasceu com sua força no sul, a partir da exploração da araucária. Todo o desenvolvimento, a ciência e a tecnologia florestal se concentraram nessa região, inicialmente”, conta Fernanda.
A rede também está aberta para estudantes da área. “A universidade é plural, precisamos trazer a discussão. Observando o perfil que temos no curso, com relação à proporcionalidade, as mulheres têm grande participação na graduação e pós-graduação. Precisamo valorizar isso e oportunizar colocações de forma semelhante. A pessoa tem que se sentir bem e ter oportunidade para desenvolver seu papel”, avalia Ana Paula.
“À medida que a gente conseguir plantar a semente aqui dentro da instituição, com alunos e alunas, e oportunizar esse entendimento sobre a igualdade, amanhã ou depois eles serão as sementes do mercado. São esses futuros profissionais que estarão nas gerências e diretorias. Nada melhor que a UFPR, pioneira do Brasil para iniciar essa mudança”, conclui a docente.
Programação de lançamento
A palestra “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: igualdade de gênero na agenda global”, com a consultora em sustentabilidade pelo Sesi do Paraná, Renata Fagundes Cunha, abrirá o seminário de lançamento da Rede.
A programação também aborda o marco de criação da Rede Mulher Florestal, quando a engenheira florestal Fernanda Rodrigues participou do Foro das Nações Unidas sobre florestas em maio deste ano.
Serviço:
Lançamento Rede Mulheres do Setor Florestal
Data: 03 de agosto
Horário: 19 horas
Local: Centro de Ciências Florestais e da Madeira (Cifloma), no campus Botânico. Endereço: Av. Pref. Lothário Meissner, 632.
Evento gratuito. Confirmar presença por e-mail: redemulherflorestal@gmail.com