Rádio produzida pelo Setor Litoral completa um ano

Com tom descontraído, e liberdade, a Rádio Sambaqui completa o seu primeiro ano de produção. Veiculada via web e produzida pelo Setor Litoral da UFPR, a rádio foge aos padrões do mercado, resgata canções que estão fora do circuito comercial e aproxima a comunidade acadêmica do Litoral.

“Acho interessante o fomento de ideias e diálogos. Hoje em dia as programações em rádio são vazias, regidas pelo capital, com propagandas e músicas de momento, sem raiz, sem cara”, comenta Vatusy Aparecida Nascimento, estudante de Serviço Social e ouvinte da rádio há um ano.

Mas não é a isso que se resume a Rádio Sambaqui, que foi batizada assim em homenagem ao professor João José Bigarella, que realizou pesquisas geológicas na África do Sul, Angola, Argélia, Argentina, Uruguai e foi um estudioso das paisagens brasileiras, inclusive dos sambaquis.

Em 19 programas já publicados, o locutor, Maurício Souza, já convidou a comunidade acadêmica a refletir sobre temas tratados como tabu, como feminismo e homossexualidade. A liberdade de escolha dos temas e a forma como isso é abordado nos programas agradam aos ouvintes, que acreditam que a rádio vai além do papel de entreter e aproximar a comunidade acadêmica, mas convida a pensar e pauta temas dentro do Setor.

Maurício explica que há algum tempo havia a demanda de elaborar uma forma diferente de interação entre a comunidade acadêmica, um meio de aproximar as pessoas e estreitar relações. “Aparentemente a turma gostou. Não conseguimos medir a audiência e contamos com os comentários de quem ouve o programa. Até o momento ninguém reclamou”, brinca.

Como são feitos os programas

O trabalho é artesanal. O Setor Litoral não possui uma estrutura física para rádio, mas a equipe improvisa e quinzenalmente coloca no ar um novo programa – o Concha Acústica, que recebeu esse nome por meio da votação da comunidade do litoral.

O programa tem cerca de uma hora de duração e está dividido em quatro blocos. “O Bola da Vez discute um tema atual tendo a música como fio condutor. O Banda da Vez recupera algumas músicas de grupos ou cantores. No Ô de Casa a gente privilegia a música paranaense. E no Sambaqui Entrevista temos um convidado da comunidade da UFPR num bate-papo permeado por seus gostos musicais”, explica Maurício. A ideia é humanizar e aproximar a comunidade acadêmica, conta Luiz Eduardo Geara, responsável pela edição do programa.

Rádio Sambaqui em Curitiba

O Setor Litoral da UFPR está localizado na cidade de Matinhos, uma região em que nem todas as AM e FM da capital conseguem chegar. Por isso, a difusão desse canal ganha ainda mais importância para a comunidade acadêmica.

A Rádio Sambaqui subiu também a Serra e está sendo replicada pela Rádio Bairro Alto Online, nas quintas-feiras, às 17 horas. Rogério Franzini, produtor do veículo, conta que acompanha a Rádio Sambaqui desde o programa piloto e decidiu difundir o programa em Curitiba também justamente pelo formato, que “pauta a voz dos professores, estudantes e pessoas engajadas no dia a dia da educação e da cultura”.

“Gostei do formato e do repertório musical, que é seleto e bem escolhido, valorizando a música paranaense. E gosto demais das entrevistas, em que o locutor e o entrevistado trocam idéias, falam de suas influências culturais, de trabalho, e o entrevistado pode escolher sua música ou artista predileto para ouvir e tocar”, conta Franzini.

Além disso, Franzini destaca a liberdade e o modo sem preconceitos de lidar com as informações e temas escolhidos.

Confira o que já foi produzido.

SERVIÇO:
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Por Dafne Salvador