Com o uso da metodologia para detecção de anticorpos desenvolvida na Universidade Federal do Paraná, um grupo de pesquisadores realizou análise sorológica para rastrear a soroconversão – desenvolvimento de anticorpos – para Sars-CoV-2 em resposta à infecção e vacinação durante o ano de 2021 no município de Matinhos. Os dados sugerem que a subnotificação de casos de Covid-19 chegou à faixa de 47% na cidade.
O número de casos oficiais até novembro foi de 4.052; considerando os resultados da pesquisa, o número total de casos acumulados da doença seria 5.962. A soroconversão para o antígeno Nucleocapsid foi utilizada para rastrear infecções anteriores e, a soroconversão do antígeno Spike, para investigar a resposta imunológica desencadeada pela vacinação. O artigo Sars-CoV-2 seroconversion in response to infection and vaccination: A time series local study in Brazil está publicado na base de pré-prints medRxiv.
De acordo com os dados, as discrepâncias foram identificadas no 1º e 4º trimestre, provavelmente devido a cenários diferentes durante a pandemia. “Durante o 1º trimestre de 2021, a pior fase da pandemia foi atingida e a disponibilidade de testes Covid-19 qRT-PCR foi limitada a indivíduos gravemente sintomáticos”, afirmam os pesquisadores. “Por outro lado, no 4º trimestre de 2021, a cobertura vacinal era alta (…). Indivíduos vacinados são mais propensos a desenvolver infecções assintomáticas por Sars-CoV-2 com menor carga viral e, portanto, não procuram serviços médicos ou testes de Covid-19, resultando em subnotificação de casos”. A tendência crescente contínua na soroconversão no mesmo período sugere que o Sars-CoV-2 continuou a se espalhar silenciosamente na população.
O docente responsável pelo estudo, professor Luciano Huergo, ressalta que o número de casos pode ser ainda maior. “Uma das limitações do estudo é que a metodologia não consegue detectar casos que ocorreram há mais tempo. De quatro pessoas que desenvolveram Covid-19 há mais de 200 dias todas tiveram queda nos níveis de anticorpos, sendo que em dois casos a doença não pôde mais ser detectada após esse período”.


As taxas de soroconversão para IgG reativa a Spike assemelharam-se à curva da fração da população que tomou a segunda dose de vacina no município. Os melhores resultados de imunidade estão sendo observados naqueles indivíduos que estão já com a 3ª dose.
O trabalho também adverte que não há como prever por quanto tempo a resposta à vacinação deve durar e reforça a necessidade de manter restrições, principalmente com o surgimento de novas variantes. “Apesar de os altos níveis de soroconversão alcançados pela campanha de vacinação evidenciados por este estudo, recomendamos fortemente que as autoridades de saúde continuem a estimular o distanciamento social e o uso de máscaras faciais”.
Nova fase
O estudo passará a partir de agora a buscar entender a resposta pós-vacina e a duração dos anticorpos induzidos pela vacinação.
As testagens continuam sendo realizadas semanalmente no Setor Litoral da UFPR. A próxima campanha, com 120 vagas, acontece no dia 22 de março, entre 18h30 e 19h30.
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Colaborou: Secom UFPR Litoral