

Mais de 300 fotos em preto e branco tiradas em Curitiba nos anos 50 integram a exposição Identidade Curitiba, organizada por estudantes do curso de História: Memória e Imagens, da Universidade Federal do Paraná que está na Casa Romário Martins e pode ser vista até o fim de dezembro. O objetivo da mostra, segundo o coordenador do curso e professor da disciplina de História e Memória, Magnus Roberto de Mello Pereira, é analisar a identidade para mostrar que não existe conceito certo ou errado. Há múltiplas imagens que mostram o contraditório.
A preocupação dos organizadores não foi identificar pessoas, mas mostrar através das imagens os costumes da época. São cenas de casamentos, famílias, primeira comunhão, recitais, apresentações de música, entre outros momentos dos anos 50. A preocupação não foi identificar pessoas, mas há diversas fotografias que depois da mostra serão cedidas a parentes dos que foram fotografados na época. É o caso de uma jovem, descendente de árabes que ao visitar a exposição reconheceu a fotografia dos seus avós, conta o professor da UFPR.


Grande parte das imagens foi cedida pelos donos da extinta Foto Brasil (que funcionou até os anos 90, na Rua Marechal Deodoro, centro) Os negativos foram escaneados e depois revelados, o que consumiu um ano de trabalho. Segundo Magnus Pereira, em muitos negativos foi possível perceber que as fotos de pessoas negras tinham sido clareadas, o que deixa evidente o racismo da época. O preconceito nos anos 50 também era grande. Ao se referir a estátua do Homem Nú, na Praça 19 de Dezembro, o Historiador Davi Carneiro em 1955 dizia “Aquilo, a estátua do homem Nú não tem expressão, não representa coisa alguma e muito menos o adolescente ou o homem deste Paraná, dolicocéfalo, loiro e belo. Um simples bloco de granito nos representaria melhor.”


Além das fotografias a mostra apresenta filmes e entre eles o destaque é uma produção sobre a guerra do pente, episódio da década de 50 que causou um conflito urbano por causa da simples compra de um pente numa loja de árabes perto da Praça Tiradentes. O descontentamento popular com a inflação e com a situação econômica do país gerou um quebra-quebra das lojas de comerciantes árabes. Foi necessário que tanques de guerra e soldados com baionetas caladas saíssem às ruas para conter a multidão em fúria.


Outro filme mostra a música o senhor consul de Curitiba que em 1949 venceu o Festival da Canção de Deauville, na França. A composição francesa faz uma referência a Curitiba e a outras regiões do País e coloca a Bahia como sendo muito próxima da capital paranaense.
Serviço:
Exposição: Anos 50 – Identidades
Ingresso: gratuito
terça a sexta-feira: das 9 às 12 e das 13 às 18 horas
sábados, domingos e feriados: 9 às 14 horas