Um olhar privilegiado que permite observar com detalhes estruturas não visíveis a olho nu do maior órgão do corpo humano, a pele, é o que chama a atenção para a exposição “Muito Além da Pele”, aberta ontem (dia 9), em Curitiba. São mais de 30 imagens fotografadas pela dermatopatologista Betina Werner, professora da UFPR (Universidade Federal do Paraná). A obtenção destas imagens ampliadas em até 400 vezes se deu por meio de uma máquina fotográfica especial acoplada a um microscópio. “Embora os meus olhos detectem algum tipo de doença de pele como carcinoma, melanoma, ceratose seborreica, molusco contagioso, dermatofibroma e tantos outros, ao examinar as lâminas, consigo ver beleza na disfunção a ponto de propor esta exposição”, conta Betina, que há 13 anos é especialista na análise microscópica de biópsias de pele.
A seleção das imagens teve como principal critério eleger o que fosse agradável aos olhos. De acordo com a médica, não houve nenhum tipo de interferência nas fotos, a não ser em sua composição, ou seja, sua tarefa foi decidir o que e como enquadrar. Outro fator que é necessário para a qualidade das imagens, de acordo com a médica, é uma técnica perfeita dos cortes histológicos realizados pelo biotecnólogo e histotécnico, André Alex Antunes, com quem trabalha. Por serem finíssimos, os tecidos são corados para permitir sua observação ao microscópio, por isso as imagens apresentadas estão nos tons azul púrpura, vermelho e rosa. A partir destas cores é que se torna possível distinguir os diversos componentes das células. Hematoxilina e eosina são os corantes usados para este fim, abreviadamente denominados H&E.
Além da reprodução fotográfica ampliada de objetos microscópicos a exposição conta com a interferência artística do médico patologista iraniano radicado nos EUA, Mehdi Nassiri. Inspirado nas fotomicrografias da colega, Nassiri, que tem como hobby, as artes plásticas, criou imagens gráficas sobre o tema. Suas obras trouxeram como resultado para a exposição um universo colorido e dinâmico. “Muito Além da Pele” propõe um diálogo entre a ciência e a arte e faz um convite, a partir de um mergulho profundo no ser humano, ao encantamento.
Betina Werner é médica patologista especializada na análise microscópica de biópsias de pele (Dermatopatologista). É professora da UFPR e trabalha no Centro de Patologia Dapele, único laboratório exclusivamente dedicado à Dermatopatologia, em Curitiba.