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Estudantes aprovados no Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná são recebidos na UFPR

A Universidade Federal do Paraná preparou uma programação especial de acolhimento para os dez novos alunos indígenas que estão ingressando na instituição por meio do XVII Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná. Nesta quinta (1º) e sexta-feira (2), os estudantes vão realizar o Registro Acadêmico, escolher a graduação que cursarão e conhecer um pouco mais sobre a UFPR e os projetos que podem auxiliá-los nesse período.

No primeiro dia de acolhimento, os indígenas foram recebidos pelos pró-reitores Eduardo Barra (Graduação e Educação Profissional) e Maria Rita de Assis César (Assuntos Estudantis) e pela equipe do Núcleo Universitário de Educação Indígena (NUEI). Também estiveram presentes na recepção veteranos indígenas que se prontificaram a auxiliar no processo de adaptação dos calouros.

A estudante do segundo ano de Serviço Social, Ana Neves, já tem um pouco de experiência para passar aos novos colegas e está disposta a ajudá-los no que puder. “Essa interação é importante para que eles não se sintam perdidos, pois o primeiro ano é complicado, são muitas informações. É essencial essa ligação, ainda mais entre nós que temos ascendência  indígena, assim nos sentimos mais em família”. Ela mora em Curitiba e é da etnia Kaingang.

Foto: Marcos Solivan

Após as boas-vindas, coordenadores e representantes de diversos cursos da universidade apresentaram o mercado de trabalho, as áreas de atuação e a estrutura de estudo que cada área oferece. Essa apresentação teve a intenção de orientar os estudantes na escolha definitiva da graduação, já que no momento do Vestibular eles apenas manifestaram interesse e agora podem optar efetivamente. Cada curso tem uma vaga suplementar destinada a esse processo seletivo, que vai sendo preenchida à medida que os candidatos escolhem, por ordem de colocação.

“Quando estudantes indígenas ingressam na UFPR, imediatamente começamos com uma agenda de acompanhamento que é o que vai garantir a permanência deles. O desafio nesse momento é recepcionar os estudantes não como indivíduos, mas como sujeitos coletivos. A questão indígena tem a particularidade de que cada indivíduo que aqui ingressa vem com o envolvimento com seus povos originários”, explica Ana Elisa de Castro Freitas, coordenadora do NUEI.

Por meio do Vestibular dos Povos Indígenas no Paraná, a UFPR destina, anualmente, dez vagas a indígenas de todo o território brasileiro. Por isso, a diversidade de origens na instituição é muito grande. Paulo Magno da Costa Santos, por exemplo, é da etnia Kambeba e veio do Amazonas. Seu sonho é atuar na área da saúde, por isso está se decidindo entre os cursos de Medicina, Enfermagem ou Fisioterapia. Ele, que realizou todo o processo de preparação para o Vestibular em casa, deseja se formar e retornar à comunidade para aplicar lá seus conhecimentos. Já Giovani Fiuza Oliveira é mineiro, pertencente à etnia Xakariaba. Seu objetivo sempre foi cursar Ensino Superior e agora que conquistou a oportunidade, pretende estudar Nutrição.

Lilian de Lima Daka veio com seu pai, Lucas Daka, conhecer a universidade onde vai passar seus próximos anos. Eles são de Cascavel e pertencem à etnia Kaingang. Lilian ainda não sabe ao certo o curso que vai fazer, pois está divida entre Jornalismo e Música. “É uma realização, esperei por isso muito tempo”, diz.

O pai não poderia estar mais orgulhoso e fez questão de vir ajudar a filha nesse processo. “Eu fico muito feliz porque ela se esforçou bastante e se dedicou aos estudos desde pequena. Achei interessante ela se identificar tanto com a leitura. Eu não conseguia comprar todos os livros que ela queria pois são caros, mas o que eu pude fazer, eu fiz. A dedicação dela trouxe esse resultado, foi tudo seu esforço” conta. Seu Daka quer continuar ajudando a filha e, por isso, está terminando o Ensino Médio no ensino supletivo. Ele também quer prestar vestibular e seu sonho é cursar Pedagogia.

Foto: Marcos Solivan

Acompanhamento e Apoio

Ao longo da graduação, os indígenas têm uma estrutura voltada a apoiar diversas questões que possam vir a enfrentar. Ana Elisa destaca que, assim que eles ingressam na instituição, passam a ter um orientador dentro do curso e esse acompanhamento é vinculado às coordenações. “A ideia é sempre trabalhar de maneira preventiva com qualquer problema que possa surgir. Temos atividades que envolvem desde o vínculo com esse orientador a um acompanhamento sistemático individualizado com a equipe do NUEI. Os estudantes participam de reuniões periódicas e entrevistas. Procuramos identificar eventuais dificuldades antecipadamente para poder agir de forma profilática”, revela.

A permanência desses alunos envolve o fundamental fomento do governo. “Estes fomentos garantem a bolsa permanência do Ministério da Educação, auxílio moradia, alimentação, entre outros”, diz a coordenadora do NUEI, destacando que o maior problema dessa classe é a moradia. “Uma das nossas metas é criar uma casa de estudantes que resolveria a maior dificuldade de permanência”.

O auxílio mobilidade é outro apoio essencial, pois permite que os indígenas voltem às suas aldeias ou comunidades em períodos de férias ao longo de toda a temporada na universidade. “Assim eles não perdem o vínculo. Se eles se sentirem distanciados, acabam por ter problemas de ordem psicossomática que refletem na trajetória acadêmica”, comenta Ana Elisa.

Estudantes indígenas na UFPR

Em 2017, a instituição registrava um grupo de 40 indígenas com matrículas ativas. Anteriormente, outros 21 já se formaram pela universidade. São pessoas de diferentes regiões do País e pertencentes a várias etnias, principalmente à Kaingang. Seu ingresso na universidade decorre das ações afirmativas, que visam a democratizar o acesso ao ensino superior público para populações em situação de desvantagem social, como os próprios indígenas e também afrodescendentes e alunos oriundos de escolas públicas.

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