A Editora UFPR lança nesta quinta-feira (15) quatro novos títulos em evento que contará com a presença dos autores para sessões de autógrafos. O lançamento simultâneo das quatro obras será feito, às 18h30, durante o V Seminário Nacional Sociologia & Política, no pátio da Reitoria.
Serão lançados: ‘À margem do(s) cânone(s): Pensamento social e interpretações do Brasil’, organizado por Alexandro Dantas Trindade, Hilton Costa e Diogo da Silva Roiz; ‘Ciência do homem e sentimento da natureza: viajantes alemães no Brasil do século XIX’, de Ana Luisa Fayet Sallas; ‘Letras e política no Paraná: Simbolistas e anticlericais na República Velha’, de Maria Tarcisa Silva Bega; e ‘Memórias da morte e outras memórias – lembranças de velhos’, de Marisete Teresinha Hoffmann-Horochovski.
Veja abaixo um texto de apresentação de cada uma das obras:
Alexandro Dantas Trindade, Hilton Costa e Diogo da Silva Roiz
A originalidade desta proposta está no tratamento de escritores pouco lembrados no registro acadêmico. Tal posição explica o título do livro: intelectuais que estiveram ou “à margem” do debate de seu tempo, ou “à margem” das agendas de pesquisas recentes. Assim, a escolha do objeto não se apoia na originalidade desses autores ou na sua contribuição à teoria, mas não desconhece o efeito político-social das ideias no momento em que foram defendidas. Muito menos supõe ser o caráter progressista das mesmas que preside sua aplicação.
Ana Luisa Fayet Sallas
Ana Luisa, nesta obra, nos convida a mergulhar no universo da visualidade oitocentista. Apoiada em trajetórias de três viajantes: o príncipe Maximilian Alexander Philip de Wied-Neuwied (1815-1817), Carl Friedrich Phillip von Martius (1817-1820) e Johann Moritz Rugendas (1822-1825), todos envolvidos em empreendimentos de natureza científica e movidos pelo mesmo propósito de descobrir as riquezas e belezas desta parte do Novo Mundo, a autora realiza uma pesquisa minuciosa buscando definir nexos entre a produção de imagens pictóricas, o pensamento científico e o romantismo germânico. Cenários foram construídos para que o enredo da descoberta, do progresso e da civilização se desenrolasse. Os personagens identificados pelo binômio Nós/Outros ajudaram a dar corpo e figura ao bom selvagem, ao bárbaro e ao não civilizado, como marcas de alteridades que fincaram raízes profundas no imaginário sobre os indígenas brasileiros. Paralelamente, o viajante, o naturalista, o civilizador é também o outro, aquele que só entende o desconhecido por meio de esquemas visuais preestabelecidos, enquadrando-o com tipologias próprias.
Maria Tarcisa Silva Bega
O movimento simbolista no Brasil é tratado com o mesmo estigma com que era em fins do século XIX: umcorpo estranho em nossa realidade, absenteísta, lunático (“nefelibata”), solipsista e visionário. Entretanto, faz parte de nossa realidade literária. Muito dessa marginalização, e da contradição que carrega, se deve ao fato de se alienar o Simbolismo dos simbolistas e estes, da vida social. É por desaliená-los que este livro de Maria Tarcisa se torna importante. Ajuda-nos a compreender o Simbolismo a partir do fato de ter-se enraizado e consolidado no Paraná de uma maneira politicamente ativa. Para que se tornasse possível trazer à luz os vínculos dessa literatura com a história, a autora não teve dúvidas de reconstruir o contexto sociocultural do Paraná entre 1890 e 1920, valendo-se também, mas não exclusivamente, de aspectos (os biográficos, por exemplo) que a crítica literária costuma menosprezar. Esta é uma das ousadias que a socióloga conseguiu equilibrar com a desafetada modéstia de quem intuiu haver no Simbolismo brasileiro mais representação da sociedade do que aquela velada pela polissemia dos símbolos. Aprendemos assim que, além da musicalidade e das visões, o Simbolismo se caracterizou, no Paraná, pela construção coletiva de uma identidade regional, outra “nuvem civil sonhada”, conforme diria o poeta.
Marisete T. Hoffmann-Horochovski
Este livro é dedicado às transformações no universo simbólico da morte a partir de memórias de velhos com mais de setenta anos que vivem na cidade de Curitiba. Suas lembranças, resgatadas através da história de vida e da história temática, possibilitam pensar as mudanças nas práticas rituais, nas crenças em torno da continuidade da existência e nas formas de expressar publicamente o luto. Por meio de suas falas, é possível perceber como a morte vai, gradativamente, se tornando um tema pouco comentado e nomeado. É, portanto, um livro que fala de morte. Mas também é um livro que fala de vida. Isso porque no trabalho de lembrar e narrar, os acontecimentos estão entrelaçados. Outros tempos e espaços vão ganhando contornos. Outras lembranças merecem ser registradas, pois traduzem experiências significativas vivenciadas ao longo de toda uma existência.