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Carnaval fora de época, gelado e latino-americano abre as atividades do III Cepial.

Carnaval Latino-Americano do Paraná - Foto: Tuani Oliveira

O III Cepial – Congresso de Cultura e Educação para a Integração da América Latina finalmente deu início às suas atividades. Neste domingo (15/07), a Pç. Generoso Marques e a rua Riachuelo, no centro de Curitiba, foram os palcos do primeiro Carnaval Latino-Americano do Paraná. Mesmo com o frio de 7° C e poucos recursos, entre público e artistas, estima-se que cerca de 2000 pessoas tenham prestigiado o evento. O objetivo principal do carnaval foi o de levar para as ruas da cidade um pouco da cultura latino-americana, ainda tão desconhecida, para o povo paranaense e o de dar visibilidade para as lutas de diversos movimentos sociais.

Compondo o cortejo, estiveram presentes artistas de quatro grupos de latino-americanos que residem em São Paulo (Ballet Folclórico Boliviano, Quinchamalí, Alma Guarani e Caporales San Simon), os grupos bolivianos de Curitiba (Integración e Centro Cultural Boliviano), as escolas de samba Acadêmicos da Realeza e Leões da Mocidade, o movimento indígena da Arpin Sul, além de ativistas do movimento latino-americano de mulheres catadoras de recicláveis. Afora o samba, os sete grupos de folclore latino-americano apresentaram diversos estilos de dança e música, como a Morenada, Caporales, Diablada, Cueca, Bailecito, Tobas e Dança Cigana.

Carnaval Latino-Americano do Paraná - Foto: Ana Maria Cândido

Fabiane Mesquita, membro da organização do congresso conta que mesmo com as inúmeras dificuldades para a realização do Carnaval o evento foi um sucesso. “Mostramos o que queríamos. Fizemos o primeiro Carnaval Latino-Americano do Paraná praticamente sem recursos e apoio dos órgãos públicos. De qualquer forma, foi um evento pacífico, os grupos convidados vieram, se divertiram e mostraram às pessoas um pouco da cultura do nosso povo latino-americano”, diz.

A presidente do III Cepial Dra. Gladys de Sousa afirma que o Carnaval é uma forma de mostrar a América Latina que está escondida. “Em Curitiba e em quase todas as cidades do Paraná existem eventos, monumentos, praças, ruas e prédios públicos homenageando a colonização dos países europeus, mas não existe nada sobre a América Latina”. Gladys afirma, ainda, que os latino-americanos também são culpados por essa invisibilidade. “Diferente dos descendentes de europeus, nós não mostramos nosso rosto. Precisamos nos orgulhar de nossas origens e fazer com que as pessoas digam que são descendentes de italianos e poloneses, mas, também, que são brasileiras, paraguaias, argentinas, enfim, latino-americanas. As culturas só enriquecem quando se integram, se estão isoladas tornam-se instrumentos de dominação”, argumenta.

Carnaval Latino-Americano do Paraná - Foto: Eliz Soeira

Representando a ministra da Cultura Ana de Holanda, o secretário de Cultura Sérgio Mamberti esteve presente e relatou que o III Cepial é um evento oportuno, em se tratando de um momento em que o continente latino-americano se une e passa a conversar de forma mais constante e próxima. “É justamente através dessas experiências, que vamos romper as fronteiras e vamos fazer com que o continente sul-americano e do caribe reconte sua história sob outros pontos de vista. Esse lado do mundo tem um recado muito especial e uma contribuição muito importante pra superarmos essa grande crise que o mundo vive hoje. É nessa esperança que eu estou aqui nesse encontro e nessa aproximação fraterna através da cultura e da educação.”.

Embora possa parecer inviável, o carnavalesco da escola de samba Acadêmicos da Realeza Márcio Marins acredita que o carnaval latino-americano seja uma ótima ideia e que tem tudo para ter outras edições. “É a cara de Curitiba fazer um evento como este no inverno. Pela primeira vez saímos pelas ruas da cidade apresentando nosso carnaval com grupos carnavalescos de outros países latino-americanos. A coordenadora do Centro Cultural Boliviano de Curitiba Giovana Adad concorda com o carnavalesco. “Achei muito interessante expor nossa miscigenação nas ruas de uma forma tão única. Espero que tenham outras edições e que sejam cada vez melhores, com mais apoio e participação do povo curitibano”.

Movimentos Sociais

Além de toda a alegria transmitida ao povo curitibano durante o cortejo, o carnaval do III Cepial também reservou espaço para manifestações de movimentos sociais. A Articulação dos Povos Indígenas do Sul – Arpin Sul e a Marcha das Mulheres Catadoras de Recicláveis protestaram, dentre outras coisas, pelo fim das obras de Belo Monte e pelo fim da incineração de materiais recicláveis.

Carnaval Latino-Americano do Paraná - Foto: Tuani Oliveira

Marciano Rodrigues, integrante da Arpin Sul relatou que a causa indígena tem pouca visibilidade e atenção da sociedade. “As pessoas não conhecem quais são nossas questões, nossos anseios, nossas demandas. Acho que o Carnaval e o III Cepial como um todo são ótimas oportunidades para expormos essas questões à sociedade.” A Dra. Margaret Matos, procuradora do trabalho e representante do movimento de mulheres também aponta que a sociedade precisa estar mais informada sobre as questões levantadas pelos movimentos sociais. “Assim como grande parte dos curitibanos não conhecem a cultura dos povos latino-americanos, também não conhecem nosso movimento e quais são as reivindicações. Trouxemos 700 mulheres de 23 estados do Brasil a fim de lutar pelo fim da incineração de materiais recicláveis, que são fonte de sustento para as famílias dessas trabalhadoras”, relata.

O III Cepial é uma realização da CASLA – Casa-LatinoAmericana e faz parte dos eventos de comemoração do centenário da UFPR – Universidade Federal do Paraná.

Vinícius Gallon – Assessoria de Comunicação da Casla.

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